A cada cinco desodorantes fabricados no mundo, um é consumido no Brasil. Seja por sua população numerosa ou pelo clima predominantemente quente, que exige mais cuidados com a transpiração, o país lidera o mercado mundial de desodorantes. Em 2013, a categoria movimentou US$ 4,8 bilhões no Brasil, de acordo com o Euromonitor. O destaque fica para o formato aerossol, o aplicador que mais cresceu nos últimos anos – em 2009, os aerossóis representavam 31% do consumo brasileiro, em 2013, já eram 50%.

Quando olhamos os hábitos dos consumidores, vemos que 40% declaram que o aerossol oferece mais proteção contra a transpiração, 29% dizem que garante maior proteção contra o odor e 28% reconhecem mais sensação de frescor. Esses são alguns dados que explicam por que o aerossol tem tanta relevância na categoria”, afirma Alessandro Mendes, diretor de inovação e desenvolvimento de produtos da Natura. Contudo, a empresa – segunda no ranking de desodorantes do país – passou anos com um único aerossol em seu portfólio.

Linha Ecocompacto da Natura

O aerossol é o aplicador que causa maior impacto no meio ambiente, quando comparado às demais embalagens. Por isso, buscamos alternativas para entrar nesse segmento”, diz Mendes. A solução foi apresentada em agosto de 2014, após cerca de três anos de pesquisas. Chamada de Ecocompacto, a linha conta com o mesmo rendimento dos aerossóis comuns, mas com metade do volume das embalagens convencionais.

A fabricação do produto se tornou possível graças a uma válvula criada pelo grupo alemão Lindal, que requer menos gás propelente para sua ativação. Em parceria com a envasadora multinacional Colep, a Natura testou diferentes combinações de fórmulas concentradas, até chegar ao produto final, que é comercializado em uma embalagem produzida com cerca de 15% menos alumínio e reduz o impacto ambiental em 48%, segundo a Natura.

Quase um ano após o lançamento do Ecocompacto, foi a vez da Unilever, maior fabricante de desodorantes do Brasil, introduzir no país os seus antitranspirantes comprimidos, já presentes no mercado europeu desde 2013. “Acreditamos que agora o mercado brasileiro está pronto para receber essa inovação”, afirma Caio Arnhold, gerente de marketing da Rexona, uma das duas marcas do grupo que ganhou a versão a compacta – a outra é a Dove.

A embalagem foi desenvolvida em laboratórios europeus ao longo de 10 anos. Com os mesmos benefícios e duração dos aerossóis regulares, a tecnologia comprimida traz economia de 30% de alumínio na confecção dos tubos, 30% na pegada de carbono durante o ciclo de vida do produto e 50% na emissão de gás propelente, de acordo com a Unilever.

Em 18 meses, os antitranspirantes comprimidos chegaram a oito milhões de lares europeus, contribuindo para a economia de 800 toneladas de alumínio. Números da Nielsen apontam que no Reino Unido, cerca de 60% do mercado de aerossóis já é de comprimidos. Na França, antes dominada pelo aplicador roll-on, a tecnologia impulsionou em 90% o crescimento dos aerossóis e o índice de conversão dos comuns para os reduzidos foi de 40% em seis meses. “O lançamento no Brasil ainda é muito recente, mas já temos bons indicativos. O consumidor entendeu nossa proposta e está abraçando a inovação. Estamos confiantes no sucesso no país”, revela o gerente da Rexona.

A Natura vê com bons olhos a novidade da concorrente. “Entendemos que quanto maior a oferta de produtos com menor impacto ambiental, melhor para o consumidor e para o planeta”, afirma Mendes. A Unilever segue a mesma linha de pensamento. A companhia tem em seu site um guia explicando como aplicar a tecnologia comprimida no processo de fabricação dos desodorantes aerossóis. “Ele está disponível para os players do mercado e varejistas em todos os países em que lançamos, pois acreditamos que a adoção dos antitranspirantes comprimidos contribui para a evolução da categoria e trará benefícios para a sustentabilidade do planeta”, diz Caio Arnhold.