Brazil Beauty News – Qual a sua avaliação sobre o desempenho das marcas do Grupo no Brasil?
Nicolas Geiger – A L’Occitane en Provence, marca atualmente bem implantada no país, continua crescendo: 10% no ano passado e provavelmente um nível equivalente em 2016. Trata-se de um bom resultado, se levarmos em conta que o número de lojas permaneceu estável. A rede comercial já conta com uma centena de lojas. Considerando o número de shoppings de luxo existentes no país, seria difícil abrir novas unidades. Em compensação, o número de pontos de venda da L’Occitane au Brésil deu um salto. Até o final de dezembro, devemos inaugurar cerca de 50 unidades. Em março de 2017, alcançaremos o marco de 180 pontos de venda, sendo 150 quiosques e cerca de 30 lojas.
Brazil Beauty News – Como explicar esse desempenho em um mercado debilitado pela crise?
Nicolas Geiger – Estamos entre as três maiores empresas de cosméticos premium no Brasil, mas não podemos esquecer que esse segmento representa 5% do mercado total de beleza e que nesse nicho a concorrência é menos acirrada. Com apenas 5% a 10% de participação no segmento, ainda somos pequenos – e uma empresa pequena sempre cresce com mais facilidade.
Brazil Beauty News – Com o crescimento da rede de lojas e a reestruturação do modelo de varejo, feita em colaboração com a agência Cent Degrés, em que medida a expansão da L’Occitane au Brésil tem contribuído para esses resultados?
Nicolas Geiger – A L’Occitane au Brésil tem crescido 100% ao ano. Apesar de o mercado ter registrado crescimento negativo de 5%, registramos um bom desempenho. Temos observado que a marca é muito bem aceita no país. Lançamos a L’Occitane au Brésil para dispor de uma solução que não dependesse unicamente de produtos importados, mas que fosse também uma homenagem a toda a cultura em torno dos cosméticos brasileiros. O posicionamento de marketing e a oferta de produtos da L’Occitane au Brésil fazem com que o consumidor brasileiro se identifique. Embora tenha raízes no conceito da L’Occitane en Provence, a marca desenvolveu uma identidade própria e reflete uma imagem do Brasil cheia de entusiasmo. Esses elementos são muito importantes nesse momento de crise política e identitária que o país está atravessando. Ainda por cima, a beleza, a riqueza e a cultura do país são exaltadas por nós, que somos "gringos". Os brasileiros apreciam que uma marca estrangeira adote esse tipo de abordagem e sentem até orgulho.
Brazil Beauty News – Quando a L’Occitane au Brésil pretende transpor as fronteiras do país?
Nicolas Geiger – Acreditamos realmente que a marca – e globalmente o Brasil e o conceito feito no Brasil – oferece um alto potencial de exportação. As marcas locais não conseguiram lançar produtos de qualidade nos mercados internacionais. Estamos dispostos a enfrentar esse desafio, mas, antes de cruzar as fronteiras, precisamos nos fortalecer em casa, ou seja, no Brasil, e continuar desenvolvendo uma personalidade própria. Quando a marca alcançar o equilíbrio aqui, poderemos partir para outros países. Estamos abordando o projeto em função das oportunidades. Porém, por enquanto, nosso objetivo principal é fazer da L’Occitane au Brésil uma marca genuinamente brasileira e autônoma nacionalmente.
Brazil Beauty News – Há dois anos, a L’Occitane anunciou como meta transformar o Brasil no maior mercado do Grupo. Atualmente, o país ocupa a sétima posição. O Grupo mantém o objetivo inicial?
Nicolas Geiger – Sim, é verdade que o Brasil é nosso sétimo maior mercado, mas é preciso levar em conta a desvalorização do real. Em moeda local, a expansão ficou entre 30% e 40%. Com 20,5% de crescimento no primeiro semestre de 2016 (abril a outubro), o Brasil responde por 55% da expansão das vendas globais do Grupo.
A meta de posicionar o país como o principal mercado da empresa continua em pauta, mas precisaremos de mais três a cinco anos para alcançá-la. Em contrapartida, é possível que muito em breve o Brasil se posicione entre os três maiores mercados do Grupo, se a L’Occitane au Brésil continuar crescendo nesse ritmo e, quem sabe, começar a exportar.