Premium Beauty News - A segunda edição do MakeUp in São Paulo abrirá as portas daqui a pouco mais de três meses. Todas as empresas brasileiras do setor de cosméticos estavam torcendo pela realização desse evento, não é?
Sandra Maguarian - Exatamente! No salão MakeUp in Paris, em junho, Nazish Munchenbach (Granado), Vanessa Machado (Quem Disse, Berenice - Grupo O Boticário), e Maria Paula Fonseca (Natura) deram um recado muito claro aos fornecedores da indústria de cosméticos durante a conferência dedicada ao Brasil: "Venham, precisamos de vocês!"
Sem falar no feedback que recebemos no final da primeira edição do MakeUp in São Paulo. Muitos expositores – Arcade / Bioplan, Topline Products, Oxygen Development, Fiabila, Strand Cosmetics Europe, Faber-Castell, Geka-World, entre outros – elogiaram a extraordinária qualidade do evento. Quanto aos visitantes, muitas marcas, como MakeB (Grupo O Boticário) e Granado, fizeram questão de parabenizar os organizadores.
Premium Beauty News - Apesar da conjuntura desfavorável, os especialistas são unânimes em dizer que o Brasil continua sendo um país com alto potencial para a indústria de cosméticos. Qual a sua opinião?
Jean-Yves Bourgeois - Em vez de lançarem uma estratégia mundial precipitada, as marcas brasileiras preferem aproveitar os bons ventos dessa expansão nacional e reforçar suas operações, ao lado de empresas estrangeiras que estimulem o mercado. Para vencer esse desafio, elas sabem que precisam inovar e acolher tecnologias de parceiros de toda a indústria.
Em poucos anos, o Brasil se posicionou entre os primeiros do ranking mundial em vários segmentos do setor de beleza. A desaceleração econômica generalizada que estamos atravessando, após 30 anos de desenvolvimento contínuo, é justamente uma ótima ocasião para refletir sobre uma abordagem de longo prazo, levando em conta indicadores positivos e o aparecimento de novas tendências.
Terceiro maior mercado mundial de produtos cosméticos, atrás dos Estados Unidos e da China, o Brasil responde por 9,4% do consumo mundial do setor e detém o primeiro lugar do ranking nos segmentos de desodorantes, perfumes e produtos solares. Apesar do aparente marasmo da economia brasileira, a indústria da beleza e o mercado de cosméticos e higiene pessoal estão sofrendo menos que a maioria dos outros segmentos. Com um crescimento três vezes maior que o do PIB, a indústria de cosméticos é o setor de atividades mais dinâmico do país.
Dentro do setor de higiene, perfumaria e cosméticos, a categoria maquiagem detém o terceiro lugar no consumo mundial e representa 7,7% do mercado brasileiro de cosméticos, com uma distribuição homogênea de subcategorias: unhas (28%), lábios (24%), rosto (24%) e olhos (24%). No Brasil, 32% das mulheres fazem uso regular de produtos de maquiagem.
Premium Beauty News - Um dado importante é que a venda de produtos cosméticos, que durante muito tempo foi dominada pelo sistema "porta a porta", está ganhando novos contornos.
Jean-Yves Bourgeois - Sim, embora a venda direta continue sendo o padrão mais comum no Brasil, o desenvolvimento de infraestruturas, a expansão dos canais de vendas e o desafio da crescente concorrência internacional estão abrindo novas perspectivas e mudando as regras do jogo.
A possibilidade de dispor de uma grande variedade de produtos de maquiagem é algo recente para a mulher brasileira, acostumada a seguir um modelo básico de consumo. Por enquanto, a porcentagem das vendas ainda é inferior à de outros países e, muitas vezes, limita-se ao uso de batom, esmalte e rímel. Portanto, podemos entrever um potencial de crescimento significativo, mas, para explorá-lo, devemos apresentar à consumidora um universo mais amplo.
A atratividade do Brasil abriu as portas do mercado de cosméticos e maquiagem para a concorrência internacional – uma concorrência variada e cada vez mais forte. Com apenas 8% de produtos importados, a hegemonia local, por enquanto, não parece estar correndo risco, embora seja necessário colocar na balança a fatia de mercado das filiais de empresas internacionais que produzem no país. No entanto, a chegada de novos concorrentes incitou as empresas brasileiras a reagirem.
A entrada de grandes marcas internacionais também representa uma fonte de inspiração e uma oportunidade para melhorar. A concorrência obriga as empresas a saírem da zona de conforto e, por isso mesmo, a oferecer à consumidora produtos de qualidade. Para elas, a criatividade é sempre um impulso para o crescimento. A variedade da oferta e o toque de novidade desempenham um papel didático junto ao mercado, principalmente no segmento de maquiagem, gerando um efeito positivo.
Embora já possamos sentir a influência de protagonistas internacionais estabelecidos no Brasil, cada marca presente no mercado gera um leque maior de opções.