A pesquisa Datamonitor Consumer 2013, realizada em escala global, revela que os consumidores mais jovens são os que mais confiam nos nutricosméticos: 41% dos entrevistados na faixa de 18-34 anos consideram que os efeitos anunciados nos rótulos dos suplementos são total ou parcialmente dignos de confiança. Ou seja, a população de jovens consumidores parece mais receptiva a novos lançamentos nesse setor. Porém, para seduzir esses jovens, as marcas precisam saber como abordá-los.

Que elementos esse tipo de consumidor valoriza nos nutricosméticos? Essa é, basicamente, a questão sobre a qual os fabricantes devem refletir. Segundo a pesquisa Datamonitor, a chave do sucesso reside na apresentação, de maneira clara, de formulações científicas direcionadas a jovens consumidores inteligentes. Um exemplo de empresa que adota essa estratégia é a Works With Water Nutraceuticals, no Reino Unido. Recentemente, a empresa reformulou um de seus produtos, o Works With Water Help: Clear Skin, e modificou a embalagem para tornar as informações sobre os ingredientes mais legíveis.

O sabor, embora percebido geralmente como um fator secundário na indústria de suplementos de venda livre, parece ter peso bem maior no segmento de nutricosméticos. Atualmente, muitos produtos disponíveis no mercado têm gosto agradável – o que gera, entre os fabricantes, uma certa competição nesse quesito. O NeoCell Beauty Bursts (EUA), por exemplo, traz "deliciosas balas à base de colágeno", com gostinho de hortelã e chocolate; a mesma marca comercializa a Beauty Infusion, linha de chás que associam diversos ingredientes e sabores. O Beauty Infusion Appletini é um deles.

Mas o sabor não é o único elemento importante: o formato também conta. Cada vez mais, o público manifesta um certo cansaço em relação ao uso de comprimidos, preferindo outras formas de ingestão, como bebidas, balas ou gomas de mascar, em vez de cápsulas ou pílulas. O fabricante francês Laboratoire PYC oferece um suplemento nutricosmético anti-idade na forma de pó pronto para consumo, com sticks que podem ser diluídos diretamente na boca. Além do novo método de administração, o suplemento está disponível com aroma de pêssego para ser "consumido como sobremesa" e promete eficácia comprovada com base em quatro princípios ativos. Esse exemplo reflete bem as preferências identificadas pela pesquisa.

O consumidor busca, também, suplementos que não contenham quaisquer tipos de ingredientes artificiais. Para atender a esse anseio, a empresa americana Hum Nutrition lançou uma linha de suplementos dietéticos para cabelos, pele e unhas, ressaltando que "não contêm parabenos, sulfatos, ftalatos, glúten, OGMs ou ingredientes artificiais, e são adaptado a consumidores vegetarianos". No rótulo, lê-se também a indicação de "fonte sustentável". Embora, nesse segmento, a questão ética não tenha sido mencionada como prioridade, esse tipo de argumento comercial pode contribuir para posicionar o produto como "limpo e puro".

Outra tendência atual é a crescente especificidade dos nutricosméticos, especialmente no mercado asiático. A empresa chinesa Taier Pharmaceutical, por exemplo, lançou o Fruit Polyphenol Whitening Tablets, suplemento para o clareamento da pele em forma de pastilhas à base de polifenóis extraídos de uva e mirtilo. Com esse produto, a companhia aposta na obsessão dos chineses por uma pele resplandecente, e oferece uma solução à base de ingredientes naturais que não traz riscos para a saúde. Uma outra ilustração desse fenômeno, ainda que bem diferente, é o Purer Skin’s Bird’s Nest EGF Day & Night Beauty Jelly, lançado em Cingapura. O produto, que promete ajudar a pele a produzir colágeno de forma natural, consiste em sachês distintos que o consumidor deve tomar de dia ou de noite. Apesar das diferenças no sabor e na composição, ambos contêm ninho de passarinho, produto de origem animal extremamente caro, originário da China. Esse último exemplo surpreende pela particularidade de sua ação e, ao mesmo tempo, ressalta a importância da medicina tradicional, que na China conta com um grande número de adeptos.

Contemplando esses diversos critérios, não é difícil deduzir: os suplementos de venda livre no setor de beleza oferecem um excelente potencial, desde que os fabricantes encontrem o caminho certo para chegar ao consumidor. O sucesso dessa trajetória depende de alguns pré-requisitos bem identificados – pesquisas científicas fidedignas claramente explicitadas na embalagem, sabor e formato agradáveis, além de ingredientes limpos, naturais e que respeitem princípios éticos. Os fabricantes devem também estar atentos a particularidades regionais, principalmente se desejarem comercializar seus produtos no mercado asiático, e nunca esquecer que seu maior público é formado essencialmente por consumidores jovens, provavelmente do sexo feminino.