A transformação em inteligência de dados maciços sobre comportamentos e preferências do consumidor, a criação de experiências de compra cada vez mais atraentes e a facilitação de aquisição dos produtos por meio de aplicativos de pagamento foram algumas das tendências detectadas pela delegação brasileira que esteve presente na última edição da NRF Retail’s Big Show, em Nova York. Visitas técnicas e reuniões especializadas preencheram a rotina do grupo, liderado pela Beauty Fair e composto por 53 empresários do setor de perfumaria no Brasil.
O abandono do papel-moeda em países como a China, as criptomoedas e novos serviços de pagamento móvel trazem uma discussão importante sobre o futuro da moeda no mundo. Já as tecnologias emergentes apontam para soluções para não perder a venda e melhorar a experiência do comprador, como check-outs mais amigáveis e robôs que ajudam a digitalizar todas as transações efetuadas, como o envio de faturas e recibos por meio eletrônico.
Com este cenário, o conceito de loja se expandiu. Se antes era o local físico destinado à compra e à venda de produtos, atualmente ela abriga todo o processo de compra, entrega, logística e serviços, com a integração destes elementos feita pela tecnologia. Essa redefinição mostra que o varejo precisa ser mais do que vendedor de mercadoria e se tornar um curador de ofertas. "Temos que nos adequar e ser cada vez mais ágeis para atender o nosso consumidor. Nossas lojas precisam oferecer o que os clientes buscam e não mais o que queremos vender", explica o diretor executivo da Perfumaria Sumirê, Danilo Loretto, que fez parte da delegação.
Para estimular a competitividade e trazer mais visibilidade aos produtos lançados, a evolução do foco no consumidor é o destaque, afirma o Diretor-superintendente da Beauty Fair, Cesar Tsukuda. "As perfumarias se preparam para evoluir na geração de experiência para o consumidor, fazendo um mix entre produtos e serviços. Estão transformando as lojas em mais que do que simplesmente pontos de venda, mas em áreas de experiência".
Neste contexto, um varejo sob medida é fundamental. O bespoke retail permite "prateleiras infinitas” no varejo online, já que a quantidade de produtos não fica restrita ao espaço do mostruário. O atendimento ao cliente, as ofertas e a entrega dos produtos se tornam cada vez mais customizadas.
A globalização também dá uma nova cara ao varejo. "O cross-border, ou e-commerce que ultrapassa as fronteiras entre países, é uma oportunidade para as marcas brasileiras avançarem em sua internacionalização", exemplifica Tsukuda.
A inteligência de dados é fundamental ao converter o imenso volume de informações geradas pela atividade comercial, ou big data, em oportunidades. Por meio da tecnologia, o varejo consegue radiografar os hábitos dos consumidores, detectando impressões e preferências. Porém, ter os dados em mãos e não usá-los não faz sentido. As empresas precisam captar as informações e utilizá-las para a seu favor. "A experiência de compra nas lojas certamente é o que surpreende e fideliza o cliente. Devemos definir nossos processos a partir da clientela, adotando diferenciais como muita experiência e personalização das vendas, com ações direcionadas ao público-alvo", identifica Loretto. Segundo o empresário, a tecnologia ditará o comportamento do mercado em 30 anos, pois o consumidor do futuro será totalmente interligado.
Tsukuda diz ter ficado impressionado com o varejo brasileiro de perfumes em relação às práticas vistas no NRF Retail’s Big Show. Para ele, a boa notícia é que cada vez mais a tecnologia é acessível do ponto de vista financeiro, mas é necessário cautela. "O ideal é controlar um pouquinho a ansiedade para não colocar todas as tecnologias em prática de uma só vez e escolher um caminho correto, pois os custos parecem mais possíveis do que nunca".