Depois de mais de dez anos de colaboração, a BASF e a Givaudan obtiveram o aval da OCDE para o uso de uma estratégia de testes que não utiliza animais e com a qual se pode prever se uma substância causa ou não reações alérgicas no tecido cutâneo.

"Demos um grande passo à frente. A partir de agora, já podemos empregar esses métodos alternativos para buscar respostas a questões toxicológicas complexas, sem precisarmos recorrer a experiências com animais", explica o Dr. Robert Landsiedel, vice-presidente da divisão Special Toxicology da BASF.

Avaliação da sensibilização cutânea

Antes que um novo produto seja homologado pelas autoridades e disponibilizado para o mercado, é necessário efetuar uma série de testes. Em particular, é preciso verificar se o produto oferece risco de sensibilização da pele.

No entanto, desde 11 de março de 2013, a legislação europeia proíbe o uso de animais para a realização de testes de produtos cosméticos, inclusive para a avaliação da toxicidade com doses repetidas, da toxicidade para a reprodução e da toxicocinética, independentemente do fato de existirem ou não alternativas. Desde então, diversos métodos in vitro — geralmente baseados em culturas de células — foram desenvolvidos para substituir as experiências feitas em animais com o objetivo de identificar o potencial de sensibilização cutânea [1].

Segundo a BASF e a Givaudan, a nova estratégia de testes toxicológicos é uma técnica inédita no mundo. Graças aos três métodos alternativos que a compõem, é possível eliminar todos os testes em animais que objetivam verificar se uma substância provoca reações alérgicas na pele humana. "Para avaliar a sensibilização cutânea, resultado de um processo complexo que ocorre no organismo, precisamos associar os três métodos", explica Landsiedel.

"Em comparação com os testes tradicionais realizados em animais, essa estratégia oferece maior previsibilidade quanto aos riscos de alergia em seres humanos", completa o Dr. Andreas Natsch, diretor de Crivagem Molecular in vitro na Givaudan.

Intensidade das reações alérgicas

Paralelamente à aprovação dessa estratégia de testes toxicológicos, a BASF e a Givaudan também receberam o aval da OCDE para outro método inédito e alternativo: denominado Kinetic Direct Peptide Reactivity Assay (kDPRA), ele permite aos pesquisadores prever a intensidade da reação alérgica, atuando como um complemento útil à estratégia de testes toxicológicos que acaba de ser aprovada. Além de verificar se existe um potencial de sensibilização cutânea, o novo método fornece informações sobre o grau de intensidade da reação.

"Ao demonstrar que os resultados obtidos são previsíveis e podem ser reproduzidos, aumentamos a confiança no uso da estratégia para substituir os testes em animais", continua o Dr. Roger Emter, que desenvolveu um dos métodos subjacentes na Givaudan.

A aprovação da estratégia de testes toxicológicos abre caminho para avanços semelhantes em outras áreas, por exemplo o estudo de substâncias que provocam irritação nos olhos ou que perturbam o sistema hormonal.

"Naturalmente, não fizemos tudo isso sozinhos. Nos últimos dez anos, várias empresas e instituições científicas, como o Institute for In Vitro Sciences (IIVS), trabalharam conosco para validar os diversos métodos da estratégia", ressalta a Dra. Susanne Kolle, coordenadora da equipe de laboratório da BASF. "Oferecemos treinamento sobre esses métodos a laboratórios espalhados pelo mundo todo, de forma que os resultados gerados sejam precisos", explica Susanne Kolle.