A argila é um dos ingredientes mais antigos na história da cosmetologia. Conta-se que a rainha egípcia Cleópatra, ícone de beleza na antiguidade, aplicava uma máscara feita com a lama do Mar Morto duas vezes por semana em sua pele. Fato ou mito, a argila nunca saiu de cena no mundo da beleza e ainda vem ganhando destaque no mercado brasileiro de cosméticos nos últimos anos.
“As grandes empresas globais têm procurado cada vez mais ingredientes de fontes sustentáveis ou minerais abundantes e o consumidor está bem ativo na busca de cosméticos naturais e veganos. As argilas se encaixam perfeitamente nessas características. Elas aceleram o equilíbrio de pele, têm capacidade detox e antipoluição, além de efeito booster em FPS e outros ingredientes cosméticos”, afirma Pedro Bretzke, diretor comercial e técnico da Terramater, pioneira no fornecimento de argila como ativo cosmético.
Com clientes em 40 países, a empresa trabalha com 15 tipos de argilas brasileiras. “Cada argila tem propriedades diferentes em relação à capacidade de absorção e inchamento. O pH pode variar de 4,5 até 10,0 e o tamanho da partícula também é muito importante, pois pode apresentar um sensorial levemente arenoso, interessante para esfoliantes, suaves, para sabonetes, ou bem macio, com uma granulometria pequena e micronizada, que é usada em filtro solar, maquiagem e cosméticos premium”, diz Bretzke.
Ele explica que a diversidade de cores é decorrente da presença de elementos químicos variados, como ferro, zinco, cobre e magnésio, e que as argilas mais comuns em cosméticos são a Tersil CGY (dourada), Tersil CDR (vermelha), Tersil G (verde) e o Kaolin Terramater (branca).
A nova marca de skincare Glam Beauty incluiu em seu portfólio uma máscara de argila verde. “Escolhemos o tipo verde por suas propriedades terapêuticas e múltiplos benefícios”, declara Angel Alvarez, diretor de marcas próprias da B4A. “De todas as argilas, a verde é a que tem uma maior diversidade de elementos em sua composição, como o óxido de ferro, magnésio, cálcio, potássio, manganês e zinco. Essa combinação é perfeita para uma máscara purificante para peles mistas e oleosas com poros dilatados”.
A argila branca, em que se destacam pequenas partículas de silicato, foi a variedade selecionada pela rede de salões Gal para desenvolver um tratamento capilar. “A argila branca é a versão mais democrática do produto, recomendada para todos os tipos de pele e cabelo. No nosso tratamento, ela é aplicada apenas no couro cabeludo. Além de fazer uma limpeza profunda, regula a oleosidade e ajuda a desobstruir os poros, favorecendo o crescimento dos fios”, afirma a agente de treinamentos Silvia Paiva.
Resultado da combinação da argila branca com a vermelha (com grande quantidade de óxido de ferro), a versão rosa do ativo está presente na nova linha de skincare da Kiss New York. “Trouxemos para Hidra Young, embasada no conceito clean beauty, a máscara facial de argila rosa, uma vez que este é um ingrediente com potencial revigorante, detoxificante e iluminador. Ela também é rica em nutrientes que ajudam a repor os minerais da pele e realiza a remoção das impurezas e o excesso de oleosidade”, diz a gerente de desenvolvimento de produtos Jéssica Park.
Já a Unevie utiliza atualmente oito tipos de argilas na fabricação de seus cosméticos naturais, indo além de seus atributos de purificação. “Também usamos a argila para dar cor e alguma consistência específica aos produtos. Ela pode ser aplicada em praticamente tudo, apresenta ótima relação custo/benefício e traz resultados”, cita a fundadora da marca, Andreia Munhoz.
Atuando há quase 15 anos com argilas, Bretzke conta que vem acompanhando o crescimento na demanda por argilas no mercado brasileiro, mas diz que este é um ingrediente que ainda pode ser muito explorado. “Entendo que atualmente conhecemos menos de 10% do potencial das argilas”, finaliza.