A pesquisa chama-se “Vias para reduzir a má gestão dos resíduos plásticos e as emissões mundiais de gases de efeito estufa até 2050" [1] e foi publicada na revista Science pouco antes da abertura da última rodada de negociações para chegar a um tratado global contra a poluição plástica. As negociações estão sendo realizadas entre 178 países em Busan, na Coreia do Sul.
O estudo cita o investimento em infraestrutura de gerenciamento de resíduos, a limitação da produção de plástico aos níveis de 2020, medidas financeiras como um modesto imposto sobre embalagens e a exigência de que todos os novos produtos contenham pelo menos 40% de plástico reciclado.
Essas quatro políticas “não são de forma alguma uma panaceia para resolver o enorme problema da poluição plástica”, disse Neil Nathan, da Universidade da Califórnia, à AFP.
Mas se implementadas simultaneamente, elas reduziriam a quantidade de resíduos plásticos “mal gerenciados” a cada ano em 91%, para 11 milhões de toneladas até 2050, em comparação com 121 milhões de toneladas até a mesma data se nada fosse feito.
O problema dos resíduos
“Os resíduos mal gerenciados são aqueles que não são incinerados, depositados em aterros ou reciclados, e é essa violação que tem maior probabilidade de acabar em nosso meio ambiente e causar impacto em nossos rios e oceanos”, explicou Nathan.
Se nenhuma medida for tomada, a quantidade acumulada de resíduos “mal administrados” entre 2011 e 2050 será de 3,5 bilhões de toneladas, “o suficiente para cobrir a ilha de Manhattan com uma pilha de plástico dez vezes mais alta que o Empire State Building”, alertou.
Após dois anos de negociações, os países reunidos em Busan continuam divididos quanto às medidas que devem ser implementadas para acabar com a poluição plástica.
Alguns querem um tratado que limite drasticamente a produção. Outros, como a Arábia Saudita e a Rússia, estão pedindo metas que se concentrem na reciclagem e no gerenciamento de resíduos.
A pesquisa da revista Science utilizou uma ferramenta interativa para simular os efeitos das medidas que poderiam ser incluídas em um futuro tratado de Busan.
As quatro políticas identificadas no estudo são as que “parecem ter o maior impacto ou ser as mais econômicas”, acrescentou Nathan.
A ferramenta usa aprendizado de máquina para combinar informações sobre crescimento populacional e tendências econômicas para prever o futuro da produção, poluição e comércio de plástico.
Para Douglas McCauley, outro professor da Universidade da Califórnia, “uma das descobertas mais empolgantes desse estudo é que é possível eliminar virtualmente a poluição plástica com esse tratado”.
“Estou cautelosamente otimista, mas não podemos deixar passar essa oportunidade única”, disse ele.