Peptídeos são moléculas formadas por cadeias de aminoácidos que se unem por meio de ligações peptídicas. Eles são classificados conforme o número da combinação de aminoácidos – podendo ser dipeptídeos, tetrapeptídeos, polipeptídeos, entre outros –, e a depender da combinação, formam proteínas específicas, que proporcionam inúmeros benefícios.
“Eles podem reforçar a barreira cutânea, diminuir inflamações, minimizar manchas, ajudar no tratamento da acne, hidratar, reduzir cravos e espinhas, controlar a oleosidade, reduzir rugas e linhas finas, deixar a pele mais firme, aumentar a síntese de colágeno... Tudo depende do tipo do peptídeo e onde ele vai atuar”, afirma Lucia Cascais, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Sallve.
Ela explica que os peptídeos estão presentes naturalmente no nosso organismo e, por isso, quando aplicados na pele, eles agem de forma biomimética, sendo reconhecidos por receptores da membrana celular e desencadeado uma ação intracelular. “Isso faz com que alcancem alvos e se liguem a receptores mais facilmente. Ou seja, são entregues diretamente onde é necessário e agem em uma cascata de benefícios. É por essa razão que os peptídeos são tão inovadores e viraram uma grande tendência no mundo do skincare”.
Peptídeo desenvolvido por inteligência artificial
Já faz alguns anos que a indústria de cosméticos vem investindo e se aprimorando nessa tecnologia. No início de 2020, a BASF lançou o PeptAIdeTM 4.0, ativo multifuncional anunciado como uma revolução no setor. “O grande diferencial deste ingrediente de origem natural é o fato de que, para desenvolvê-lo, nossos pesquisadores usaram inteligência artificial. Numerosos peptídeos foram examinados por sua capacidade de ajudar a prevenir a liberação de mediadores inflamatórios, como o TNFa. Com a ajuda de um processo controlado de hidrólise enzimática, eles foram então isolados a partir de proteínas orgânicas do arroz (Oryza sativa), com ação comprovada contra os danos da inflamação silenciosa tanto em epiderme quanto em derme”, diz Daniella Francischetti, especialista em inovação de bioativos da companhia química.
No final de 2022, a Creamy apresentou o Peptide Cream, com 10 peptídeos sinalizadores. “Nenhuma fórmula nacional traz esse número numa mesma fórmula. Como os peptídeos são muito específicos em suas ações, temos a importância da ação sinérgica entre eles para oferecer múltiplos benefícios para a pele”, aponta Luiz Romancini, médico dermatologista e CPO da marca.
Quando lançada, a fórmula foi descrita como “anti-aging do futuro”. “Os peptídeos conseguem atuar de maneira mais precisa nos mecanismos que nos interessam sem recorrer aos ácidos, que são ingredientes que apesar de trazerem diversos benefícios, também trazem potenciais efeitos colaterais. Os peptídeos são uma grande inovação no cuidado com a pele pois conseguimos resultados tão bons quanto ou até melhores que os ácidos”, afirma Romancini.
Peptídeos nos cuidados com os cabelos
Recentemente, a marca também recorreu ao ingrediente para desenvolver seu primeiro item capilar, o Leave-in Peptide Repair Hair Treatment. “Com variados tamanhos e tipos peptídeos, o produto estimula diretamente o folículo capilar e entrega resultados em diferentes camadas do fio, reestruturando tanto o córtex quanto a cutícula, agindo também no couro cabeludo, aumentando a resistência à queda e o fortalecimento dos fios”, explica o CPO da Creamy.
Também há pouco tempo, a Sallve (que já utilizava peptídeos em protetores solares e séruns) lançou a linha Super Ativos, que traz peptídeos em todas as fórmulas. “Quisemos unir a tecnologia inovadora dos peptídeos com clássicos ativos cosméticos dermatológicos, como a vitamina C, a niacinamida e o ácido glicólico, para assim proporcionar resultados rápidos e impressionantes”, diz Cascais. Para ela, os peptídeos devem se popularizar cada vez mais e por isso considera provável que a marca se aprofunde ainda mais nessa tecnologia.
“Peptídeos são uma família enorme de ingredientes e diariamente a indústria de cosméticos descobre novos peptídeos com diferentes ações. Então ainda vamos ver muitos novos peptídeos sendo lançados”, finaliza Romancini.