O Brasil é o segundo maior consumidor de desodorantes e antitranspirantes do mundo, atrás apenas dos EUA. Presente em mais de 90% dos lares no país, a categoria tem vendas anuais que ultrapassam os R$ 11 bilhões, de acordo com a Euromonitor. Tão comuns no dia a dia dos brasileiros, os produtos têm sido alvo de críticas pelo uso de ingredientes controversos. Em resposta, a indústria de cuidados pessoais vem investindo em soluções menos agressivas ao corpo e ao meio ambiente.
Referência nacional em aerossóis, a Aeroflex lançou neste ano o BemBio, primeiro biotranspirante do mercado, com fórmula à base de água e livre de alumínio, álcool, triclosan e silicones. Diretora administrativa da companhia, Geisa Miksza explica porque esses ingredientes devem ser evitados.
“O alumínio age nas glândulas sudoríparas como inibidor da transpiração. Dependendo da concentração e frequência de uso, pode causar irritação e escurecimento nas axilas. O álcool favorece o surgimento de coceiras, sensação de ardor e ressecamento da pele. O triclosan é muito usado para conservar os produtos, mas por não ser biodegradável pode impactar organismos aquáticos ao ser levado pela água do banho e na indústria. O mesmo ocorre com o silicone, um composto semi-orgânico feito principalmente de silício, com potencial efeito ambiental negativo devido ao seu tempo de biodegradação”, cita a executiva.
O BemBio foi desenvolvido com a tecnologia patenteada Aquabac Control, a partir da combinação de ativos naturais e água. “Unimos o poder absorvente do magnésio extraído do Mar Morto com as propriedades bactericidas do citrato de prata para garantir um produto completo e seguro para os consumidores e o planeta”, diz Miksza.
O magnésio do Mar Morto também é utilizado pela Biossance em seu novo desodorante, formulado ainda com esqualano derivado da cana de açúcar, mix de óleos essenciais cítricos e bisabolol, uma alternativa sustentável ao extrato de camomila. “Amamos o desafio de, através da biotecnologia, chegar a uma fórmula 100% limpa e realmente eficaz, que absorve o excesso de suor, minimiza os odores corporais e hidrata a axila, impedindo a proliferação das bactérias que causam o mau odor”, afirma Ana Vandoni, gerente global de educação da marca de clean beauty.
Trazido para o Brasil pela EHM, proprietária da Curaprox no país, o Verdan roll on e em spray é outro exemplo de desodorante que dispensa substâncias que podem fazer mal à saúde e ao meio ambiente. “Os produtos Verdan utilizam em sua formulação um mineral encontrado na natureza chamado alúmen de potássio, popularmente conhecido como pedra hume. Além da ação antibacteriana natural, ele tem poder adstringente, que promove uma constrição no local da aplicação. Assim, ele previne a liberação do suor sem a necessidade de vedar as saídas das glândulas sudoríparas, recurso comum em desodorantes convencionais a partir do uso de químicos sintéticos”, explica o diretor da empresa Hugo Lewgoy.
Uma das maiores empresas de beleza do mundo, a Coty também está reformulando seu portfólio de desodorantes aerossóis e antitranspirantes e a mudança começou no Brasil. Após três anos de estudo, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Coty no Brasil apresentou uma nova tecnologia, que substitui o uso do silicone D5 (Ciclopentasiloxano) por um blend proprietário, composto por matérias-primas sintéticas e naturais.
“Por suas características sensoriais e de hidratação, o silicone D5 é amplamente usado na indústria de cosméticos. Não é prejudicial à saúde, mas costuma ficar acumulado no meio ambiente. Sua eliminação em nossas fórmulas contribuirá para a preservação ambiental. Além disso, este blend apresenta menor impacto na emissão de carbono, cerca de 12% a menos que o D5”, afirma o diretor de P&D Henrique Sales. Ainda neste ano, as marcas brasileiras Monange, Bozzano e Très Marchand passam a adotar a nova tecnologia e, futuramente, os desodorantes Adidas, em âmbito global.