Empresas tradicionais do segmento e marcas especializadas investem em produtos lúdicos e seguros para crianças se divertirem e se expressarem por meio da maquiagem.
A dermatologista baiana Camila Meccia recebia frequentemente em seu consultório pacientes que pediam indicação de maquiagens que pudessem usar em suas filhas. Adepta do conceito da beleza limpa, ela percebeu que não havia quase nenhuma opção para crianças nesse mercado. “Foi daí que surgiu a ideia de criar uma marca de maquiagens limpas infantis com um apelo específico para esse público”, ela conta.
Há dois anos, junto com a administradora Karla Faskomy, Meccia fundou a Fada Bella. Com um portfólio enxuto, com apenas dois batons e dois duos de sombra lançados, a marca prevê crescimento. “Foi o que conseguimos desenvolver inicialmente diante dos desafios encontrados nas formulações e nos investimentos, já que somos uma empresa nova e pequena. Mas a busca pelos produtos superou as nossas expectativas e ainda em 2024 teremos novidades”, diz a dermatologista.
Marcas tradicionais do mercado de beleza no Brasil também vêm investindo nesse segmento, caso da Impala. “Em 2018, percebemos que havia uma demanda crescente entre pais e responsáveis que buscavam produtos adequados para crianças. O lançamento da linha infantil surgiu como uma oportunidade de oferecer opções que unissem segurança, diversão e qualidade, atendendo ao desejo das crianças de se expressarem, mas de uma forma adequada à sua faixa etária”, afirma o coordenador de marketing Renan Borges.
Crianças buscam imitar os rituais de beleza dos adultos
Além de esmaltes, que são o core da marca, a linha infantil da Impala também traz maquiagem para a face e itens de haircare. “A decisão de expandir para outras categorias dentro do segmento infantil veio da observação de que as crianças buscam produtos que permitam imitar os rituais de beleza dos adultos, mas de forma de lúdica”, aponta Borges.
Ele conta que desenvolver produtos para crianças envolve um cuidado redobrado. “Em termos de formulação, priorizamos ingredientes hipoalergênicos, dermatologicamente e oftalmologicamente testados, com base de água e que sejam fáceis de remover. Já na apresentação, é importante que os produtos tenham uma abordagem divertida, com embalagens coloridas e temáticas que chamem a atenção das crianças, sem perder de vista a comunicação focada nos pais, que são os tomadores de decisão”.
Com a recém-lançada linha Kids, a Vizzela também entra nesse mercado. “Percebemos que muitas crianças estavam utilizando nossos produtos regulares por sermos uma marca colorida e divertida. Então achamos melhor desenvolver itens específicos e formulados para o uso infantil”, afirma a sócia e diretora de marketing Aline Waiser.
A coleção traz quatro tons de batom em bala, quatro tons de gloss, uma paleta multifuncional que pode ser usada na região dos olhos e bochechas, além de um deo colônia. “A maquiagem para esse público não visa correções e uniformizações e sim o estímulo à criatividade, autocuidado e autoestima, permitindo que as crianças brinquem e desenvolvam habilidades motoras, criatividade e de autoexpressão”, ela diz.
Maquiagens classificadas como brinquedos não têm certificação da ANVISA
Mas Waiser alerta que maquiagens muitas vezes encontradas em lojas e que se rotulam para crianças não têm certificação da ANVISA, pois são classificadas como brinquedos. “Os produtos da linha Kids são testados oftalmologicamente e/ou dermatologicamente, são livres de alumínios e outros componentes que podem agredir a saúde das crianças e passaram por todo o processo regulatório junto à ANVISA”.
Com Vizzela Kids, ela fala que espera ampliar a capilarização e escalonar o alcance da marca. “No entanto, ainda estamos entendendo a fatia de representação dessa linha para os nossos negócios”.
Já o coordenador de marketing da Impala afirma que, embora a linha infantil da marca represente uma parcela ainda em desenvolvimento do portfólio, ela tem um papel estratégico. “O mercado de maquiagem infantil no Brasil tem mostrado crescimento constante e seu potencial é evidente, especialmente considerando o aumento da conscientização dos pais em relação à segurança dos cosméticos para crianças e o interesse dos pequenos em produtos que os ajudem a expressar sua individualidade de forma lúdica. Estamos confiantes de que, com a expansão de novas coleções e parcerias estratégicas, essa fatia poderá crescer ainda mais nos próximos anos”, finaliza Borges.