As vendas no varejo de produtos de coloração podem ter tido um bom aliado nos últimos três anos: a crise econômica. Talvez por terem suas rendas reduzidas, os brasileiros podem ter deixado de gastar dinheiro com alguns serviços, como aqueles oferecidos por salões de beleza. O Relatório Mintel Hábitos de Beleza revelou que apenas 10% dos brasileiros estão fazendo mais tratamentos para os cabelos em salões. Além disso, o Relatório Mintel Cuidados com o Cabelo, publicado recentemente, mostrou que 21% dos brasileiros coloriram o cabelo em casa, por conta própria, em comparação a 12% daqueles que o coloriram em um salão de beleza nos últimos seis meses.
A indústria capilar viu, com isso, a oportunidade de desenvolver produtos que pudessem ser usados em casa, pelos próprios consumidores, sem a ajuda de um profissional. Reativadores de cores, que não deixam a cor dos fios desbotar entre uma coloração e outra, evitando assim a reaplicação frequente do produto, e produtos que realizam técnicas de salão em casa, como as mechas californianas, são alguns exemplos das inovações dessa subcategoria. Maquiagens para cabelo (sprays que colorem temporariamente os fios brancos), colorações com tons vibrantes (azul, rosa, roxo, etc), além de produtos com cada vez menos ingredientes químicos, como a amônia, e produtos multifuncionais (que, além de colorir, cuidam dos fios), também ajudaram a aquecer o mercado nos últimos anos.
Mercado carece de produtos para população madura
Uma das apostas do setor de Beleza e Cuidados Pessoais é trabalhar alguns nichos, como diferentes grupos demográficos. Com o envelhecimento da população, torna-se essencial que marcas desenvolvam produtos específicos a esses consumidores já que, assim como a pele, os fios também sofrem danos ao longo dos anos e acabam se fragilizando. A pesquisa da Mintel Cuidados com o Cabelo revelou que 50% das mulheres com 55 anos ou mais coloriram o cabelo em casa, por conta própria, nos últimos seis meses (em comparação a 15% das mulheres entre 16 e 24 anos, por exemplo).
Produtos de tratamento pós-coloração para essas mulheres com mais idade poderiam ajudá-las a cuidar da saúde do cabelo, já que com a idade os fios ficam mais frágeis. Assim, torna-se importante desenvolver produtos com diferentes posicionamentos, como reparadores de danos de fios fragilizados com a idade. A máscara capilar My Hair Doctor Colour Protection Mask Intense, lançada no Reino Unido em fevereiro de 2018, vem com um complexo de plantas antienvelhecimento com tremoço azul e denoxyline, uma fração purificada de polifenóis do chá verde com propriedades antioxidantes, que protegem a cor do cabelo.
Marcas podem brincar com sensorialidade de produtos voltados aos jovens
De acordo com a pesquisa, 25% dos brasileiros entre 16 e 24 anos dizem não ter colorido o cabelo nos últimos seis meses, mas o coloriram no passado. Esse dado abre uma oportunidade para que marcas desenvolvam tinturas temporárias para os mais jovens, pois talvez esse público use produtos de coloração, porém não com tanta frequência. Produtos de rápida e fácil utilização também podem ser posicionamentos importantes.
As marcas podem brincar ainda com cores, já que 17% dos brasileiros entre 16 e 24 anos afirmaram ter interesse em usar diferentes cores no cabelo (ex. rosa, azul). A tintura temporária da Schwarzkopf, LIVE Colour Spray, lançada na Suíça em março de 2018, diz fornecer cores vibrantes instantâneas aos fios, como por exemplo rosa, azul, prata e vermelho. O produto diz ainda ser fácil de usar e dura uma lavagem, não deixando o cabelo pegajoso. Indo além, o IGK Foamo Holographic Hair Foam, lançado nos EUA em fevereiro de 2018, é um iluminador de cabelo disponível em dois tons que muda de cor quando o cabelo se move na luz, criando um acabamento holográfico, segundo o produto.
Com um formato bem inovador, a tintura temporária Hot Huez Temporary Hair Chalk, lançada na Índia, é ideal para quem quer transformar os fios sem perder tempo, e o produto sai com a lavagem com shampoo. A embalagem vem com quatro frascos de cores diferentes e vibrantes em textura de giz compacto. Basta o consumidor abrir, pressionar contra a mecha que queira colorir e passar nos fios.
Há oportunidades para produtos de coloração mais naturais
A pesquisa Mintel mostrou ainda que 36% das mulheres brasileiras se interessam por produtos de coloração com ingredientes naturais e 31% por produtos de coloração livres de ingredientes químicos. Essa realidade é evidenciada em outro resultado da pesquisa do consumidor: 29% das mulheres dizem que colorir o cabelo regularmente é prejudicial aos fios.
De acordo com o Mintel GNPD (banco de dados global de novos produtos), a participação do Brasil no lançamento de produtos de coloração com posicionamento ‘100% natural’ e ‘orgânico’ foi irrelevante entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2018. O Garnier Olia Permanent Color, lançado nos EUA em outubro de 2017, é formulado com óleos naturais de plantas e sem amônia, prometendo deixar o cabelo macio, sedoso e com três vezes mais brilho, restaurando os fios danificados. Na Alemanha, foi lançada em março de 2018 a tintura vegana Logona Naturkosmetik Plant Hair Colour Cream. Ela é composta por ingredientes de origem 100% natural: hena orgânica, ervas e extratos de plantas. O produto diz envolver os fios em uma camada protetora que não danifica a estrutura natural do cabelo. Já a L’Oréal lançou em maio de 2018 a sua nova linha vegana de produtos de coloração, Botanéa. Os produtos possuem óleo de coco 100% natural e três plantas da Índia: hena, indigo e cassia.