Rochas vulcânicas, cristal de quartzo, partículas de argila, cupuaçu, açaí, casca de coco e semente de damasco ou morango. Estas são algumas das alternativas apresentadas pela indústria de cosméticos para substituir as microesferas de plástico nas formulações dos esfoliantes. O planeta travou uma luta contra os plásticos descartáveis e todos podem fazer sua parte.
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) sinalizou o compromisso voluntário das empresas para eliminar o uso de micropartículas plásticas sólidas em seus produtos até 2021. Fabricantes de produtos de beleza e fornecedores de matérias-primas se mostram comprometidos em encontrar soluções cada vez mais inovadoras e naturais para os clientes.
“Temos mais de 10 tipos de esfoliantes de origem vegetal, com tamanhos, formas e cores diferentes,” afirma Paulo Roseiro, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário. “Trabalhamos com a segurança de que os ingredientes inseridos em nosso portfólio entregam o efeito de esfoliação necessário para promover a renovação celular adequada”.
De acordo com a marca de cosméticos orgânicos Souvie, no mundo dos esfoliantes, há uma busca crescente por produtos multifuncionais e sustentáveis. “Os consumidores esperam outras propriedades, além da renovação da pele, como clareamento e despigmentação, slow-aging, luminosidade e elasticidade da pele”, comenta Marcos Iorio, diretor de marketing da marca. “Há também uma expectativa em relação à utilização de química verde na filosofia de design das formulações. Com uma quantidade de informação chegando cada vez mais fácil às pessoas, listas de free-from (livre de) são procuradas avidamente no momento de decisão de compra”, acrescenta.
“A principal vantagem é que, ao eliminarmos os petrolatos da fórmula, ela se torna mais biocompatível, diminuindo a chance de irritação. Além disso, alguns ingredientes, como o quartzo e as sementes, permitem uma esfoliação mais intensa”, diz Andréa Guarezi, farmacêutica da Feito Brasil.
Contudo, a área enfrenta desafios. “Encontrar matérias-primas com grânulos de tamanhos parecidos com as esferas plásticas padronizadas pela indústria é a maior dificuldade. Como procuramos sempre ingredientes com extração sustentável, há ainda menos fornecedores e os preços são mais elevados”, conta Guarezi, que cita as sementes de maracujá e fibra de bambu como outras das soluções adotadas por sua empresa.
Essa mudança de mentalidade afeta toda a cadeia produtiva. A Cosmotec, que recentemente lançou os 7 Princípios da Fórmula +Consciência, para identificar o nível de sustentabilidade de uma fórmula cosmética, desenvolveu para os esfoliantes substâncias como as Florabeads® Jojoba, microesferas rígidas de éster de jojoba, disponíveis em diversas cores e tamanhos.
Seguindo o mesmo princípio, a Evonik apresentou ao mercado diversas partículas esfoliantes de sílica. “O SIPERNAT 250 PC foi projetado para aplicações de limpeza corporal. A dureza de suas partículas é bem adequada para uso em pele normal”, afirma Amanda Caridad, analista de marketing de cuidados pessoais da indústria química. “Já o SIPERNAT 9000 PC é indicado para aplicações que envolvem grandes quantidades de sujeira ou áreas corporais menos sensíveis, como pés”, explica.