O Brasil é o 4o maior consumidor mundial de artigos de higiene pessoal e beleza, ficando atrás apenas dos EUA, China e Japão. Em algumas categorias, o país aparece ainda mais próximo do topo do ranking, como fragrâncias (2°) e produtos para os cabelos (3°). O mesmo não acontece quando falamos de cuidados com a pele, segmento em que o mercado brasileiro aparece na 8ª posição no último levantamento realizado pela Euromonitor.
“Culturalmente, o valor estético que o brasileiro atribui aos cabelos é maior que o atribuído à pele, uma vez que o cabelo é entendido como cartão de visitas no país”, diz Patricia Moreira, gerente de marketing de skin care da fabricante de ingredientes Chemyunion. “Quando pensamos na diferença no tratamento para cabelos e pele, o efeito imediato é bastante relevante. Tratamentos de pele levam mais tempo para apresentar resultados, além de exigirem um ritual diário de cuidados. Muitos consumidores desistem por não perceberem na pele uma pronta melhora, desacreditando da eficácia dos produtos.”
Porém, segundo Moreira, uma mudança de hábito nas novas gerações já pode ser notada. Mais informados, os jovens se preocupam com o estado da pele e aderem a produtos da categoria com mais facilidade, entendendo que o cuidado precisa ser diário e que o quanto antes começarem a tratar da pele, maiores serão os benefícios. “Observando este fenômeno, acreditamos que mudanças expressivas devem ocorrer no mercado brasileiro de cuidados com a pele nos próximos anos”.
“Há um espaço bem amplo para este segmento crescer no Brasil”, confirma Ana Paula Rasmusen, gerente de marketing da Enzz Cosmetics. Fundada em 2014, a empresa de hair care profissional lançou no começo desse ano sua primeira linha de dermocosméticos faciais, composta por três soluções enzimáticas líquidas, com ativos naturais, vitamina C e ácido hialurônico.
Ramusen afirma que a fácil aplicação dos produtos Enzyme Skin – basta borrifar sobre a face limpa – é uma das principais características que o consumidor leva em conta na hora compra, além de segurança para a saúde e eficiência das fórmulações. Podendo ser combinados entre si, de acordo com o tipo de pele, os produtos da linha têm ação hidratante/energizante, antioleosidade/matificante e antioxidante/antipoluição.
No Brasil, já há uma grande preocupação com cosméticos antipoluição. Segundo Moreira, quase 30% das mulheres buscam este atributo em maquiagens, além de proteção solar (49%). “Existem duas formas de se medir os benefícios desta classe produtos: há os que reduzem os danos causados por poluentes na pele e os que buscam reduzir a exposição da pele aos poluentes, evitando que os danos ocorram”, explica. No portfólio da Chemyunion, a SkinBlitz é uma solução que promete minimizar em 65% a permeação de poluentes em camadas mais profundas da pele, retardando o envelhecimento das células e evitando a hiperpigmentação causada por exposição à poluição.
Dentro do segmento de skin care, Moreira destaca ainda o uso da nanotecnologia para a otimização da performance dos ingredientes, os levando até alvos específicos na pele, a fim de aumentar a permeação, biodisponibilidade ou mesmo ligação do ativo a uma estrutura desejada. “Vemos também um bom crescimento na categoria de limpeza e preparo da pele com a chegada de novos formatos, como sticks, lenços e águas micelares, além das máscaras faciais, grande sucesso no mercado asiático, que começam a ganhar relevância por aqui”.
Para o futuro do combate aos efeitos da idade na pele, ela diz que “podemos considerar a epigenética, uma evolução da genética que aponta como o meio em que vivemos e nossos hábitos modulam a expressão gênica e a forma como envelhecemos”. Moreira afirma que esse desdobramento da ciência revolucionará o cuidado da pele, permitindo ampliar e combinar múltiplos fatores ao tratamento, que podem transcender o produto cosmético em si.