Richard Goodwin e sua equipe de pesquisadores da IBM se associaram à Symrise, fabricante de aromas e perfumes, para criar um sistema de IA capaz de processar os conhecimentos relativos a fórmulas, ingredientes, históricos de sucesso e tendências. O objetivo era fornecer aos perfumistas soluções que desempenhassem o papel de assistentes eletrônicos inteligentes. Dessa forma, o tempo empregado pelos mestres perfumistas a pesquisar novas composições poderia ser usado para aprimorar as fragrâncias.
Fórmulas inteiramente novas
O projeto, baseado em pesquisas anteriores desenvolvidas pela empresa e em um trabalho mais recente, o Research AI for Product Composition, produziu um novo sistema denominado Philyra, que utiliza algoritmos de aprendizado de máquina para realizar pesquisas minuciosas em uma base que contém uma infinidade de dados, incluindo fórmulas e matérias-primas, a fim de identificar composições e padrões inovadores. O sistema Philyra "cria fórmulas inteiramente novas, explorando a totalidade de combinações possíveis no campo dos perfumes, para descobrir as carências do mercado internacional".
O método pode ser aplicado tanto para produtos de alta perfumaria como nos setores de fragrâncias para ambientes e produtos de beleza. As informações analisadas pela IA possibilitam a adaptação a mercados bem específicos — digamos o de brasileiros da geração Millennials (exemplo citado por Richard Goodwin).
Primeiros perfumes criados por IA
Os algoritmos usados pelo sistema Philyra cruzam dados de quatro categorias principais: complementos e substitutos de ingredientes brutos, dosagem de materiais brutos, reações humanas e grau de novidade da composição. Com base na integração desses critérios, o sistema Philyra da Symrise criou dois perfumes que serão comercializados no ano que vem no Brasil pela marca O Boticário. No entanto, as duas primeiras fórmulas elaboradas por inteligência artificial foram aperfeiçoadas por um mestre perfumista, que conferiu mais presença a uma determinada nota e reforçou a fixação da fragrância na pele.
"O objetivo desse trabalho, fruto da associação entre expertise humana e inteligência artificial, é criar novos perfumes de alta qualidade. A compreensão alcançada pelo Philyra sobre preferências dos consumidores, fórmulas e ingredientes resultou na criação de novas composições de perfumes e agilizou o processo de criação, de maneira que nossos perfumistas pudessem focar no aprimoramento dos produtos finais", explica Alexandre Bouza, diretor de Marketing da marca O Boticário. "Os progressos da inteligência artificial nos ajudam a elaborar para os clientes perfumes originais e inovadores. Estamos muito felizes em fazer parte dessa colaboração com a Symrise e a IBM Research".
Ferramenta de apoio aos perfumistas
O sistema Philyra pode ser modificado para se adaptar a outros setores de menor prestígio, como sabão para roupa, shampoo e qualquer outro produto perfumado. Como diz Richard Goodwin, "A arte de criar perfumes é algo que os seres humanos vêm explorando há muitos séculos". Os perfumistas devem assimilar conhecimentos acumulados durante centenas de anos. Com a ajuda de inteligência artificial, eles podem se dedicar prioritariamente à arte e à experiência humana, deixando para a máquina a composição de novas fragrâncias.