Manchas pigmentares, bem como rugas e flacidez, são alguns dos sinais mais visíveis do envelhecimento cutâneo. Quando aparentes, elas contribuem de forma significativa para modificar a percepção relativa à idade, constituindo, portanto, um importante tema de pesquisa para as marcas de cosméticos. Segundo a Chanel, estudos clínicos realizados recentemente mostram que as manchas pigmentares aumentam a idade percebida em 3,7 anos, em média [1].
Criação pioneira
Para compreender melhor os mecanismos biológicos que determinam o aparecimento de manchas pigmentares e para aumentar a eficácia dos produtos cosméticos desenvolvidos com o objetivo de preveni-las, atenuá-las ou eliminá-las, a Chanel precisava dispor de material biológico adaptado, que reproduzisse a complexidade da estrutura dessas manchas dentro da matriz cutânea.
Foi nesse contexto que a divisão de Pesquisas da Chanel associou-se à LabSkin Creations, empresa francesa de biotecnologia especializada em engenharia de tecidos cutâneos, a fim de criar, por meio de bioimpressão 3D, um modelo de pele humana reconstruída apresentando uma mancha pigmentar.
Segundo a Chanel, a construção de modelos biológicos capazes de reproduzir a arquitetura tridimensional da pele humana e a complexidade morfológica da mancha pigmentar é um trabalho pioneiro. Para que se tornasse realidade, foi necessário aliar expertise no campo de cultura celular e tecnologia de bioimpressão 3D.
A mancha pigmentar em seu microambiente
As informações técnicas relativas a essa inovação foram detalhadas numa sessão de comunicação científica apresentada em setembro de 2022 no Congresso de Dermatologia da ESDR (European Society for Dermatological Research).
O modelo é obtido mediante o uso de uma biotinta com melanócitos pré-acondicionados num meio pró-inflamatório que reproduz o microambiente real da mancha pigmentar. A pele é então bioimpressa seguindo um motivo predefinido e, depois de um tempo de maturação, a mancha pigmentar começa aos poucos a aparecer.
Compreender a hiperpigmentação cutânea
O objetivo da Chanel é reconstruir e modelizar em laboratório estruturas de pele com manchas pigmentares que sejam o mais previsíveis possível, a fim de estudar o aparecimento e a evolução da hiperpigmentação cutânea.
"Esse modelo exclusivo, desenvolvido a partir de células humanas em seu microambiente, permite explorar e compreender melhor os mecanismos biológicos responsáveis pelas irregularidades de pigmentação cutânea e avaliar a eficácia de princípios ativos usados tanto na prevenção como no tratamento, a fim de selecionar os que oferecem melhor desempenho", explica a empresa num comunicado.
Segundo a Chanel, a inovação abre caminho para outros modelos de pele ainda mais complexos, que poderiam, por exemplo, levar em conta diferentes fototipos.
Em um recente estudo [2], a Zion Market Research prevê que a taxa média de crescimento anual composto (TCAC) do mercado de distúrbios da pigmentação deverá ser de aproximadamente 5,75% entre 2022 e 2028, podendo alcançar o valor de 8,90 bilhões de dólares. Entre os fatores que contribuem para o aumento de distúrbios pigmentares estão a exposição ao sol cada vez mais prolongada, a poluição urbana e doméstica e o envelhecimento da população. Os principais mercados são a América do Norte e os países asiáticos (entre os quais Coreia do Sul, China e Japão), que culturalmente valorizam peles claras e sem imperfeições.