O movimento “clean label”, ou rótulo limpo, surgiu há poucos anos no setor de alimentação. Para responder à demanda de consumidores cada vez mais preocupados com o que estão ingerindo e em busca de um estilo de vida mais saudável e consciente, marcas de alimentos passaram a divulgar de forma clara os ingredientes dos produtos em suas embalagens, evitando nomes científicos ou termos técnicos.

A tendência vem se estendendo para outras indústrias, como a de cosméticos, e marcas como a Sem Rótulo e Sallve são algumas das adeptas no mercado de beleza nacional.

Para nós, o que está dentro do frasco é o que importa. Transparência sempre foi o nosso princípio, por isso destacamos os principais ativos dos nossos produtos nas embalagens. Queremos mostrar o que realmente está sendo usado na pele e fazer o consumidor entender a importância de ler os rótulos antes de escolher o produto ideal para sua rotina. Infelizmente os brasileiros ainda não estão habituados com isso”, afirma Melyssa Esser, cofundadora da Sem Rótulo.

Rótulos mais simples e transparentes

A executiva explica que a marca de skincare segue os preceitos da nutrição. “Acreditamos que, assim como escolhemos alimentos para obter a melhor nutrição, selecionar produtos para a pele deve ser igualmente cuidadoso. Ao formular nossos produtos veganos, com ingredientes naturais e evitando parabenos, sulfatos, fragrâncias artificiais e corantes, também tínhamos que oferecer rótulos mais simples e transparentes”.

Essa também é a proposta da Sallve. “Ouvindo nossa comunidade, entendemos que transparência em relação ao que vai nas fórmulas era algo essencial para estas pessoas, e muitas vezes negligenciado em nosso mercado. Por isso, temos este cuidado de listar quais são os ingredientes dos nossos produtos e evitamos o uso de nomes comerciais de ativos ou expressões como ‘Tecnologia Exclusiva XXX’, práticas comuns e pouco informativas para os consumidores”, diz Leandro Gusmão, que é gerente de marketing de produtos na marca.

Ele diz ter consciência de que nem todos os ativos são conhecidos amplamente pelos consumidores, mas que a Sallve tem também o cuidado de explicar de maneira didática e acessível o que cada ativo faz e qual a sua função na composição. “Temos percebido um aumento expressivo no conhecimento e na busca por ativos dermatológicos, por isso destacamos ainda mais os ingredientes no nosso lançamento Super Ativos”.

Porcentagem dos ativos divulgada nas embalagens

A linha citada por Gusmão, que chegou recentemente ao mercado, traz alguns dos ativos dermatológicos mais utilizados no Brasil em alta concentração (como vitamina C 20%, niacinamida 20% e ácido glicólico 10%), o que também é apresentado nas embalagens. “Recebemos centenas de pedidos especificando ingredientes que nossa comunidade gostaria que fossem incorporados em nossos produtos. E também foram se tornando cada vez mais recorrentes as perguntas sobre as concentrações de alguns ativos dermatológicos, evidenciando um maior conhecimento e também interesse por fórmulas mais potentes.

Na Sem Rótulo, as concentrações dos ativos não são divulgadas. “Existe um segredo industrial e investimento em pesquisa por trás dos resultados consistentes de nossos produtos. Acreditamos ser propriedade da marca as porcentagens e sinergia entre os ingredientes, que estão diretamente ligados à qualidade e eficácia dos cosméticos. Para nós, a transparência sobre a formulação e os benefícios dos cosméticos são mais importantes do que destacar as porcentagens de ativos, até porque nem sempre a quantidade corresponde à qualidade”, afirma a também cofundadora Lais Theis.

Para ela, o movimento “clean label” veio para ficar. “A geração adepta ao clean beauty está em constante crescimento e evolução, com mais pessoas preocupadas com a origem daquilo que compram.

Gusmão diz que a Sallve prefere não se vincular a movimentos específicos como “clean label” ou “clean beauty”, mas enxerga como essas tendências estão sempre evoluindo, se ajustando e, às vezes, dando lugar a outras com nomes diferentes. “Acreditamos que a transparência na comunicação dos produtos é, sim, algo que veio para ficar. As pessoas têm buscado cada vez mais se informar sobre o que estão consumindo, e como o conhecimento é algo que não retrocede, a demanda por informações mais claras, acessíveis e verdadeiras só deve aumentar”.