O plástico é um problema mundial. De acordo com a ONU, cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos vão parar anualmente em nossos oceanos. Um levantamento da revista Science é ainda mais assustador. Ele estima que este número deve alcançar 17,5 milhões de toneladas ao ano até 2025.
“Uma garrafa PET pode levar 600 anos para se decompor no mar, sendo que não permanece mais do que 20 minutos em nossas mãos”, afirma Teodoro Bava, diretor comercial da Reload Beleza Positiva. A empresa brasileira de cosméticos é a primeira no mundo a reutilizar embalagens de garrafinhas de água mineral para distribuir seus produtos de cuidados para o cabelo. “A ideia surgiu do questionamento de como consumimos e descartamos hoje”.
A marca lançada em 2013 passou por uma reformulação no ano passado, levantando a bandeira da sustentabilidade. “Reposicionamos a Reload a fim de propor uma mudança deste modelo insustentável do mercado e oferecer uma oportunidade para consumidores que se preocupam com sua própria saúde e a do planeta”, diz Bava.
Uma parceria foi firmada com a Água Mineral São Lourenço. A Reload mapeou pontos de venda das águas da companhia, como bares, hotéis e restaurantes, passando a realizar a coleta das garrafinhas nestes locais. Uma tecnologia para higienização foi desenvolvida e patenteada pela marca de cosméticos e depois de passarem por este processo, as embalagens estão prontas para o envase dos produtos.
No momento, são apenas dois itens no portfólio: xampu e condicionador. Veganos, eles são formulados com ingredientes naturais, livres de sulfatos e parabenos e têm fragrância exclusiva da Givaudan. Os preços vão de R$ 60 a R$ 70 para garrafinhas de 300 ml, os posicionando na categoria premium. “Com este lançamento, confirmamos a disposição do brasileiro a pagar mais por um produto de alta performance que respeite o planeta”.
O xampu e condicionador, além de um kit com os dois itens, estão disponíveis para compra no e-commerce da Reload. Bava afirma que está em negociação com academias, lojas de artigos naturais e salões de beleza que estão alinhados com a proposta da marca e em breve seus produtos poderão ser encontrados em diferentes pontos de venda.
“Nestes locais, instalaremos um display da marca que permitirá que o consumidor descarte corretamente os frascos da Reload”, conta o diretor da empresa. “A garrafinha será novamente encaminhada para higienização e reutilização. Caso não esteja em condições, ela será destinada à reciclagem”, explica.
Somente 22% das cidades brasileiras contam com iniciativas de coleta seletiva atualmente, segundo pesquisa do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre). Contudo, as taxas de recuperação do material reciclável são altas no país: a do alumínio é de 97,7%, a do papel, 66,2%, e o plástico, 56,8%. No caso específico das garrafas PET, o Brasil consegue reutilizar 60% do total coletado. Na Europa a taxa gira em torno dos 20%, de acordo com a diretoria do Cempre.
Teodoro Bava revela que os planos da Reload são de crescimento. “Temos projetos animadores de lançamento de novas linhas e produtos, todos envasados em embalagens reutilizadas”, diz. “Esta proposta é a essência da Reload e não abrimos mão dela. Entramos no mercado para mostrar que é necessário repensarmos o modo como produzimos e consumimos”, completa.