Desenvolver uma linha capilar para fios crespos e cacheados era um desejo antigo de Rosângela Silva, criadora e curadora da Negra Rosa. Filha de uma cabelereira, ela sempre viu os cuidados com os cabelos de forma afetuosa, algo que conectava mulheres. A marca chegou ao mercado em 2016 com maquiagens desenvolvidas especificamente para a pele preta e, algum tempo depois. o portfólio ganhou géis finalizadores para os cabelos.

Mas as meninas da nossa comunidade sempre me pediam. Rosa, cadê o xampu, cadê o condicionador? Só que, para uma pequena empresa, não é apenas uma questão de formular o produto. Você precisa de ter uma estrutura grande e, claro, precisa de dinheiro. Na qualidade que eu queria, ia ser caríssimo, então, para a nossa realidade, não dava”, ela conta.

Foi após a aquisição da marca pela Farmax, em 2022, que o projeto de Silva de criar uma linha de cuidados capilares começou a ganhar forma. O processo começou ainda em 2022 com pesquisa de mercado e foi a partir dela que a linha chegou ao seu conceito de “multicurvaturas brasileiras”, abrindo mão da tabela criada nos Estados Unidos e adotada internacionalmente com letras e números que classificam os diferentes tipos de cachos.

Multicurvaturas brasileiras não se encaixam em tabela internacional de cachos

“Eu não acredito muito nessa tabela. Ela não representa a população brasileira. Muitas mulheres questionavam por que que não achavam os seus cabelos ali. Nós temos uma diversidade imensa no Brasil, com uma população negra gigantesca. Então vão ter vários tipos de cabelos crespos que não cabem em um 4A, 4B, 4C, ou um cacheado no 3A, 3B, 3C, até porque encontramos mais de uma textura capilar na mesma cabeça e porque o cabelo também vai mudando ao longo da vida. Por isso criamos o conceito de ‘multicurvaturas brasileiras’”, explica a fundadora da marca.

A linha chega ao mercado com 16 SKUs – entre xampus, condicionadores, máscaras e cremes de pentear –, que focam nas necessidades dos fios cacheados, crespos, crespíssimos e com química: hidratação, nutrição, reconstrução e reparação. Novos itens já são planejados, segundo Silva. “Podemos pensar em novas texturas de creme de pentear ou em protetor térmico. Queremos ampliar essa linha e ir complementando para que as pessoas crespas e cacheadas tenham à disposição produtos para escolher com quais se identificam”.

Afroblend 7 é ativo de destaque nas fórmulas

Toda linha capilar de Negra Rosa conta com o ativo Afroblend 7. “Queríamos um ativo bem poderoso e que pudesse ser usado em todos os produtos, desde o xampu até o creme de pentear. Esse blend, que foi cientificamente testado em fios crespos e cacheados, traz cinco óleos (baobá, moringa, cominho preto, tamanu e semente de figo) e duas manteigas (karité e coco), que vão trazer hidratação, ajudar a modelar e proteger”, afirma Silva.

Para ela, esse lançamento é um grande passo na evolução da marca. “Eu acredito que a linha capilar pode mudar o patamar de Negra Rosa no mercado. As pessoas vão se sentir abraçadas pelos produtos, sentindo que foram pensados para elas. Quando você tem uma marca que diz no nome e em toda sua comunicação que ela é feita para negros, você encontra várias questões no meio do caminho e demora muito mais a convencer o lojista a vender seu produto. Nada é simples para Negra Rosa. Ainda estamos em poucas gôndolas, mas já alcançamos vários lugares. Com a linha capilar a marca vai ganhar mais força e ficar muito mais conhecida”.

Desde a aquisição pela Farmax, a marca também entrou no segmento de skincare e proteção solar. As maquiagens e finalizadores capilares continuam sendo comercializados, mas devem ser repaginados e incorporados aos poucos ao novo portfólio. Para o segundo semestre desse ano, a criadora da marca promete ainda a chegada a uma nova categoria. “Queremos mostrar que Negra Rosa está aqui para ficar. Cada vez mais, vamos trazer novos produtos voltados para a população negra. Essa é a nossa meta nos próximos anos”.