Abrindo a jornada de debates, Marie-Thérèse Lecci, do Centro Hospitalar Universitário (CHU) de Grenoble, passou em revista os aspectos clínicos: "Dois fatores principais influenciam o envelhecimento cutâneo. O primeiro, intrínseco, é ligado ao relógio biológico; o segundo, extrínseco, depende de variáveis como exposição ao sol, tabagismo, poluição, alimentação, uso de medicamentos, etc." É longa a lista de elementos que podem influenciar o envelhecimento — e as mudanças de hábitos de vida completam o cenário. Estudos recentemente realizados pela empresa Gattefossé revelaram que o estresse luminoso decorrente do uso de telas diminui o metabolismo celular, além de causar danos significativos às moléculas de ATP.
De olho no envelhecimento cutâneo
O envelhecimento cutâneo pode ser observado por meio de "análises ômicas", que ajudam a compreender os mecanismos fisiológicos e a identificação dos biomarcadores pertinentes. Mathieu Hebert, do Laboratório Hubert Curien, explica que, graças à técnica de aquisição de imagem helicoidal não invasiva e sem contato, é possível visualizar a junção dermoepidérmica. "Trabalhamos também na modelização de um rosto médio, a fim de caracterizar os fenômenos de ptose a partir de imageamento espectral e hiperespectral", ressalta.
Por sua vez, o CEA, rede de laboratórios de pesquisa aplicada, utiliza espectroscopia de reflectância difusa para avaliar a luminosidade da pele ou distúrbios como a rosácea, por exemplo.
Catherine Bosser, do LTDS (Laboratório de Tribologia e Dinâmica de Sistemas), vinculado à École Central de Lyon, apresentou o índice SILT (Skin Index of Living Tissue), baseado no cálculo do coeficiente elastina/colágeno. O procedimento foi alvo de um pedido de registro de patente.
Tratamentos para o envelhecimento cutâneo
Graças aos progressos científicos, é possível oferecer tratamentos cosméticos com o objetivo de combater o envelhecimento. Mais numerosos e diversificados, esses tratamentos se apoiam em bases científicas cada vez mais sólidas. Os protagonistas do setor não hesitam em investir em avançados programas de pesquisas, a fim de desenvolver o produto mais adequado. A BASF, por exemplo, colaborou com o LBTI (Laboratório de Biologia Tissular e Engenharia Terapêutica) de Lyon no âmbito de pesquisas que buscam soluções para conservar a elasticidade da pele. Já a Gattefossé trabalhou com o CEA de Grenoble, investigando a genotoxicidade dos raios UVA.
Com a crescente valorização do ideal de envelhecer bem, e diante da importância que vem sendo dada ao bem-estar, em oposição ao culto da aparência, vale refletir se é realmente necessário oferecer às consumidoras soluções cada vez mais inovadoras para lutar contra o envelhecimento cutâneo. Segundo estudo desenvolvido pelo Laboratório Interuniversitário de Psicologia da Universidade de Grenoble Alpes e apresentado por Anna Tcherkassof, "em um grupo de 115 mulheres com idade média de 49 anos, dois terços declararam estar satisfeitas com seu rosto, mas um terço demonstrou insatisfação. Essas mulheres reconhecem que um rosto parece ser mais atraente quando é percebido como mais jovem".
Razão mais que suficiente para continuar pesquisando o envelhecimento cutâneo.