Para as brasileiras, a ida semanal à manicure é quase um ritual sagrado. Mas desde a chegada do coronavírus ao país, essa rotina foi duramente afetada. Além dos salões de beleza fechados, a necessidade de higienização constante das mãos fez com muitas mulheres se voltassem ao cuidado das próprias unhas em casa.
“A pandemia do COVID-19 realmente alterou nosso estilo de vida. Os consumidores sentiram a necessidade de readequar o nécessaire e suas finalidades”, afirma Carolina Bertelli, diretora de marketing, desenvolvimento de produto e novos negócios da Dailus.
“Para auxiliar a consumidora a cuidar das unhas e cutículas expostas ao uso intenso de antissépticos e manter os rituais do salão em casa, reorganizamos nossos esforços para o lançamento de uma linha de preparação e finalização, incluindo desde os produtos mais básicos, como base incolor e óleo secante, a produtos com ativos para a nutrição e hidratação das unhas”, acrescenta.
Ela conta que no início da pandemia, o grande movimento foi pelo autocuidado. Porém, com o passar dos meses, o isolamento social também fez com que a mulher se tornasse mais confiante para fazer experimentações. “O que se iniciou como autocuidado foi se transformando em ocasiões de descontração, diversão e autodescobrimento. Diversas consumidoras relatam que aproveitaram para testar diferentes acabamentos, abusar das nail arts e ousar com unhas supercoloridas e desenhadas”, diz Bertelli.
Cintia Checchetto, gerente de marketing de maquiagem da Vult, confirma essa tendência. “A busca por itens de tratamento das unhas cresceu muito acima do esperado. Mas também lançamos a coleção “Cores da Natureza”, que faz um convite para aumentar a nossa conexão com a fauna e flora brasileira, e foi um sucesso imediato”.
Outro lançamento bem-sucedido em 2020 foi K-Pop Love, da Risqué. “A coleção trouxe cores relacionadas ao universo da cultura pop coreana. O K-Pop-Se, um azul pastel bem delicado, e o Guerreira do Arco Íris, um verde militar bem diferente, logo esgotaram nas prateleiras”, diz Regiane Bueno, vice-presidente de marketing da Coty Brasil, detentora da marca.
Segundo ela, 2020 foi um ano realmente atípico para a Risqué. “Especialmente entre março e junho, quando houve uma forte retração do mercado, devido ao fechamento de grande parte dos salões e lojas. No entanto, ao longo do segundo semestre, vimos uma recuperação surpreendentemente rápida, com a categoria atingindo níveis superiores ao período pré-pandemia perto do final do ano”, diz Bueno.
De acordo com a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o segmento de esmaltes caiu 17% em 2020, na comparação com o ano anterior. Mesmo com as brasileiras adquirindo itens para o uso em casa, são as manicures as maiores compradoras desse tipo de produto.
Em 2021, a entidade prevê uma leve recuperação para a categoria, com alta de 3,9% - inferior à média de 12% apresentada nos últimos anos.
Bueno considera o cenário ainda bastante instável. “Por isso é importante que a marca se adapte às novas necessidades”. Ela aposta em algumas tendências para 2021. “As cores pastéis seguem em alta, além dos esmaltes com efeitos, como os glitters, que as consumidoras estão usando de formas cada vez mais criativas, fazendo nail arts super inspiradas. De maneira geral, vemos uma liberdade muito maior para ousar, com as pessoas usando cores diferentes em cada unha, grafismos, desenhos orgânicos e muita, muita cor”.
A gerente da Vult se mostra otimista. “Nossas expectativas são positivas para esse ano. Acreditamos que o potencial de crescimento da categoria será grande quando voltarmos a uma vida mais próxima do normal. A brasileira tem uma relação muito próxima com a categoria. Ela costuma fazer as mãos com frequência e esse comportamento não deve mudar”, afirma Checchetto.