A poluição gerada por lixo plástico é um problema ambiental que cresce a olhos vistos em todo o mundo. Quase imperceptíveis ao nosso olhar, os microplásticos também são uma grande preocupação. Em partículas que podem ter de um a cinco milímetros, eles são encontrados no ar, nos oceanos e até na água potável que bebemos.
“O descarte de microplásticos já se tornou um problema mundial. Ele foi impulsionado por indústrias como a de pneus e embalagens, mas alguns ingredientes cosméticos também já foram identificados como pouco biodegradáveis”, afirma Vinicius Bim, especialista em inovação de Personal Care para a BASF América do Sul.
Compromisso setorial
Presentes especialmente na composição de produtos esfoliantes, as micropartículas plásticas emitidas pela indústria de cosméticos respondem por cerca de 0,1% a 1,5% de todo o microplástico gerado no mundo, de acordo com dados da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).
Diferentemente de países como EUA, Canadá e Nova Zelândia, no Brasil ainda não existe uma legislação que proíba o uso de microesferas plásticas nos cosméticos, mas foi aprovada no estado do Rio de Janeiro uma lei pioneira neste sentindo e que acaba de entrar em vigor. “A indústria cosmética assumiu um compromisso setorial pelo banimento das esferas utilizadas no Brasil e encontrar alternativas a estes ingredientes será o foco de inovação nos próximos anos”, diz Bim.
Cegesoft Peel
Uma delas foi lançada recentemente pela divisão de cuidados especiais da BASF. A multinacional alemã de especialidades químicas apresentou ao mercado o Cegesoft Peel. A solução é composta por esferas de cera, biodegradáveis e uniformes, que prometem uma esfoliação suave e macia, sem agredir ou arranhar a pele.
Segundo Bim, já existem no mercado outras alternativas naturais utilizadas como esfoliantes, como sílicas, celulose ou pós de sementes. “Estes ingredientes, além de exigirem maior atenção microbiológica (no caso das sementes), contam com superfícies irregulares devido a sua morfologia”, explica.
Para ele, o consumidor brasileiro aumenta a cada dia seu conhecimento sobre produtos de beleza e sua preocupação com o meio ambiente. “Grande parte do público ainda desconhece temas específicos, como as microesferas aplicadas em cosmética, mas o exemplo recente da proibição do uso de canudos plásticos pelo país reforça a velocidade com a qual a preocupação e consciência se acelera”.
Euperlan OP White
Juntamente ao Cegesoft Peel, a BASF Care Creations apresentou uma outra novidade biodegradável para a produção de cosméticos. Trata-se do Euperlan OP White, uma dispersão opacificante, que substitui o ingrediente sintético que dá o aspecto branco e cremoso de produtos de cuidados pessoais, tais como xampus, sabonetes líquidos e géis de banho. “A aparência branca ou leitosa traz a sensação de forte nutrição, tratamento ou hidratação”, aponta o especialista em inovação.
Bim diz desconhecer até o momento uma tecnologia semelhante à contida no novo produto, que foi criado à base de cera. “As soluções existentes no mercado são dispersões de polímeros derivados de polietileno, polipropileno ou poliestireno que são muito pouco solúveis”.
De acordo com a BASF, as duas soluções reforçam o compromisso da empresa de desenvolver ingredientes para cosméticos naturais, orgânicos e veganos, além de fornecer aos fabricantes destes produtos componentes que interfiram cada vez menos no meio ambiente.