Com um clima subtropical extremamente seco, a floresta de Chaco, verdadeiro paraíso de biodiversidade, é a única região em que são encontradas as árvores de pau-santo, também conhecidas como guaiaco. Desde que o país decidiu transformar áreas de florestas virgens em campos de pastagem para animais, os espécimes dessa árvore de grande porte que fornece uma madeira extremamente densa vêm sendo derrubados em grande escala.
"Infelizmente, as raízes também estão sendo arrancadas, impedindo que a árvore se regenere, quando na verdade deveríamos aguardar cerca de 30 anos para extraí-las", explica Elisa Aragon, que fundou a Nelixia junto com Jean-Marie Maizener. "O problema é que é muito difícil replantar mudas de pau-santo, porque essa árvore nasce sobre veios de sal, formando colônias. Portanto, é impossível saber com antecedência se o solo será ou não propício a seu crescimento", continua ela. Para incentivar os protagonistas locais a estruturar um método de exploração sustentável, em 2011 a CITES classificou o pau-santo como "espécie cujo comércio deve ser controlado, a fim de assegurar a sua sobrevivência".
Planos de manejo sustentável
Para promover a implementação de ações concretas, a partir de 2015 a CITES suspendeu a importação de pau-santo várias vezes, sendo a mais recente em março de 2020. Entretanto, há dois anos a Nelixia passou a trabalhar no desenvolvimento de planos de manejo da floresta de Chaco, a fim de instaurar uma cadeia de produção sustentável. "É possível mudar nossas práticas e criar novos hábitos, adotando técnicas de exploração diferentes que respeitem o ecossistema florestal", afirma Elisa Aragon.
Com uma unidade de produção na Guatemala e outra em Honduras, a Nelixia acumulou sólida expertise no desenvolvimento de cadeias sustentáveis de produção de matérias-primas. No âmbito desse projeto, a empresa inaugurou recentemente uma unidade de produção no Paraguai.
A nova unidade acompanha a implementação de planos de manejo da floresta de Chaco aprovados pela INFONA (Agência Nacional de Florestas). O primeiro passo para a Nelixia foi convencer os proprietários das terras de que uma floresta não explorada pode ser rentável. Em seguida, foi necessário fazer um inventário minucioso da floresta para dividi-la em parcelas e definir a quantidade de pau-santo passível de exploração, ou seja, o volume de corte anual a partir do qual a madeira poderia ser extraída no período mínimo de 20 anos. Graças a esse método, as raízes não são cortadas, garantindo que os recursos nunca se esgotem.
Como o uso de máquinas é proibido, a extração de árvores é feita principalmente à mão, desde o corte até o carregamento nos veículos, que também devem estacionar longe da floresta.
Em poucas palavras, o objetivo é extrair, de forma responsável, um pequeno número de árvores por hectare. Atualmente, a Nelixia administra cerca de 5 mil hectares e fixou como meta "cobrir 20 mil hectares até 2025, a fim de garantir a disponibilidade permanente desse ingrediente no longo prazo", explica Jean-Marie Maizener.
Matéria-prima amplamente utilizada
A previsão é de que, graças ao novo método de exploração do pau-santo, em meados de 2021 a Nelixia possa comercializar um óleo essencial sustentável que, em breve, receberá certificação ecológica. Mas, para tanto, é preciso que a CITES revogue a proibição de importação dessa madeira nas próximas semanas. Atualmente, a Nelixia dispõe de 1.800 toneladas de madeira cortada, pronta para ser utilizada, o que potencialmente permitirá a produção de cerca de 70 toneladas de óleo essencial. Por ser barata, a essência de pau-santo é amplamente utilizada pela indústria. Com a estruturação de uma cadeia de produção sustentável, seria possível evitar a reformulação de milhares de perfumes.
Reforçando seu sólido know-how, a Nelixia conta com o apoio de parceiros experientes, como a Fundação Paraguaya, ONG pioneira que atua desde 1985 em favor da preservação dos recursos naturais da região. A entidade lançou um programa extremamente eficaz, denominado "Stoplight", com o objetivo de erradicar a pobreza. Uma das iniciativas desse programa é a criação de escolas agrícolas voltadas para a capacitação de empresários rurais, cujo treinamento é financiado pelas próprias atividades que eles desenvolvem. Por essa razão, a Nelixia estabeleceu sua destilaria nas proximidades de uma escola agrícola, gerando novos empregos graças à produção de óleo essencial de pau-santo.
Embora plenamente empenhada na promoção de uma cultura responsável e perene de exploração da madeira de pau-santo, a Nelixia não pretende deter o monopólio da produção. "É provável que as duas formas de exploração coexistam durante algum tempo, mas esperamos incentivar e democratizar a implementação dos planos de manejo ecológico, criando assim uma cadeia sustentável de abastecimento de pau-santo", explica Elisa Aragon.