A urgência ambiental gerada pelo excesso de plásticos vem obrigando as indústrias a desenvolver processos de reaproveitamento de materiais. Paralelamente às técnicas mecânicas tradicionais, o Grupo SABIC decidiu aprimorar o processo de conversão pós-consumo de lotes de plásticos compostos por poliolefinas.
"O desafio ambiental criado pelo plástico evidenciou a necessidade de propor soluções complementares. A partir dessa reflexão, conseguimos desbloquear e pesquisar uma série de inovações tecnológicas, em particular a que envolve uma aplicação inédita da pirólise à tecnologia de reciclagem proposta pela SABIC", relata Frédéric Dreux. “Mas atenção: esses avanços tecnológicos não dispensam os esforços na área de ecodesign voltados para a fabricação de embalagens com um único tipo de material. Essa política é prioritária e absolutamente necessária. As novas tecnologias tampouco objetivam substituir a reciclagem mecânica. Elas oferecem, na verdade, um recurso complementar para aumentar o volume de plástico reciclado", continua ele.
Além da redução do impacto de carbono em comparação com plásticos virgens de origem fóssil, a vantagem dessa tecnologia reside na possibilidade de reciclar plásticos dificilmente processáveis por técnicas mecânicas e que, por essa razão, geralmente acabam em incineradores ou aterros.
"Na maioria das vezes, são embalagens que não correspondem aos materiais que a indústria de reciclagem é capaz de processar, como sachês flexíveis e produtos fabricados com uma mistura complexa de diversos tipos de materiais. Para obter uma reciclagem mecânica de boa qualidade, é necessário que o trabalho prévio de triagem seja realmente eficaz, pois uma vez que o plástico é transformado em grânulos, não é possível separar os materiais. No caso da nova tecnologia, há uma fragmentação molecular, tornando mais aceitável a mistura de materiais PP + PE em um mesmo lote. Se houver algum vestígio de PET - ou até de metal, se a embalagem for metalizada -, o processo não chega a ser prejudicado, desde que seja respeitado um certo limite", explica o especialista. Esse é, sem dúvida, um critério importante para os setores de luxo e cosméticos, que precisam usar uma grande diversidade de materiais em suas embalagens, seja para garantir uma barreira eficaz contra agentes externos ou para dar conta da complexidade de montagens que asseguram as principais funções da embalagem.
Similaridade com material virgem
Com a nova tecnologia, é realizado um processo de reversão que produz os constituintes de base do plástico. O material assim obtido apresenta propriedades, qualidade, transparência e pureza idênticas às do material virgem. "Por intervir no nível molecular, o processo recria todas as grades de poliolefinas, permitindo especificar e otimizar suas aplicações com precisão muito maior. Pela primeira vez, dispomos de uma técnica que abre caminho para a possibilidade de reciclar plásticos indefinidamente, sem afetar sua qualidade nem suas características físicas", afirma Frédéric Dreux.
"É muito importante incentivar essas novas técnicas de reciclagem, e é exatamente o que estamos fazendo com a REN Clean Skincare. Embora, por enquanto essa iniciativa represente um custo consideravelmente maior para a empresa, decidimos não repassar esse custo para o consumidor. Nosso apoio é indispensável para possibilitar a industrialização dessa tecnologia em grande escala, com o aumento da capacidade de reciclagem e das infraestruturas. Essa meta não poderá ser alcançada por um fornecedor isoladamente. Já existe um consenso entre os industriais do setor para apostar nessa tecnologia. Trata-se de um círculo virtuoso. Estamos dando mais um passo no sentido de reduzir o impacto ambiental do plástico, mostrando que é possível desenvolver e utilizar novas tecnologias para ampliar as possibilidades de reciclagem de plásticos e promover a economia circular", conclui Frédéric Dreux.