Dando consultoria para escritórios de tendências, trabalhando junto a fornecedores da indústria como especialista nas áreas científica e tecnológica, explorando, com insaciável gula, o papel social da ciência ao lado de Jean-Claude Ameisen e Michel Serres, ou simplesmente observando os efeitos múltiplos e poderosos da ciência e da tecnologia em meu ecossistema, parecia-me impossível pensar que as tendências pudessem ser estudadas e compreendidas sem o conhecimento, mesmo profano, das correntes científicas – e vice-versa.
Desde 2000, venho focando meu trabalho na construção de passarelas entre áreas que tradicionalmente se comunicam pouco ou mal: ciência e marketing, startupers científicos e o mundo do business development, pesquisadores e consumidores de tecnologia, França e Estados Unidos, pesquisa pública e setor privado.
Nesse papel de mediação, atuo como traço de união, por vezes uma base de conciliação e não raro um elétron livre e perturbador. Tenho a convicção profunda de que a inovação brota da conexão, pois inerente à aliança é sua capacidade de forçar as pessoas a saírem da zona de conforto, a apreenderem o outro e sua linguagem.
E é justamente essa instabilidade e esse desconforto que engendram a criatividade e a inventividade. Jamais, em tempo algum, alguém inventou algo assistindo televisão, sentado numa poltrona. A invenção pode ser feita de dor ou delícia, mas nunca sem mexer no statu quo.
Unir ciência e tendência tem lógica e é produtivo, por todas essas razões. Resta saber como consagrar essa união.
Antes de desenvolver um produto, ouvimos o que as tendências têm a dizer. Mas, na prática, essa contribuição chega cedo demais em relação ao processo como um todo, e as chances são grandes de que ela se perca ao longo do caminho. Naturalmente, antes de desenvolver um produto, estudamos as tendências. Mas, na prática, a contribuição desse estudo chega cedo demais em relação ao processo de desenvolvimento como um todo, e as chances são grandes de que ela se perca ao longo do caminho. Por isso, é fundamental ter em mente as tendências, tanto quanto os dados do mercado, em todas as fases de desenvolvimento de um produto.
Estudar a Ciência pelo prisma das tendências nos obriga também a buscar um sentido, a compreender melhor o sentido dos princípios que constituem a base das tecnologias que utilizamos. Este é um exercício que torna as profissões técnicas mais interessantes, conferindo ao dia a dia do pesquisador textura nova e cores inéditas. As coisas já não funcionam apenas segundo uma lógica mecanicista que busca simplesmente um efeito e um desempenho, mas seguem uma exploração do mundo onde os elementos que o constituem são mais coerentes. Deem sentido ao dia a dia dos pesquisadores e vejam como eles se comunicam melhor e são mais felizes!
Sem falar que, hoje em dia, vemos com limpidez que a ciência está se desenvolvendo na velocidade da luz, possibilitando o surgimento de novas tecnologias que, por sua vez, dão impulso à pesquisa científica e, en passant, transformam, profunda e intensamente, o mundo e os seres humanos. Essa interdependência torna ainda mais indispensável a injeção de coerência em uma abordagem que, embora pareça mais complexa, na verdade é bem mais simples do que pensamos.
Além de ser um trabalho fácil, com um pouco de dedicação ele tem tudo para saciar a mais voraz das gulas.