De acordo com a Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o faturamento da categoria masculina mais que dobrou nos últimos cinco anos, atingindo R$ 9.7 bilhões em 2013, e a expectativa é que cresça cerca de 80% nos próximos quatro anos. Segundo dados da Euromonitor Internacional, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial de cosméticos para homens, atrás apenas dos EUA, e deve se tornar líder do setor em 2015. Mas ainda há bastante espaço para crescer: um levantamento feito pela consultoria britânica Mintel revelou que, de 2009 a 2012, apenas 2% dos lançamentos de artigos para cabelos foram direcionados para os homens.
De olho nesta lacuna, a marca brasileira de mencare Dr. Jones foi fundada em São Paulo, em 2013, lançando itens como sabonete facial microesfoliante e xampu para cabelo e corpo. “Percebemos que existia uma discrepância muito grande entre a demanda, oferta e variedade de produtos no mercado masculino de beleza no país, forçando o homem brasileiro a usar produtos e marcas com as quais ele não se identifica”, diz Guilherme Campos, sócio da empresa
A nova aposta da Dr. Jones é sua própria barbearia. “Melhor do que ter um novo ponto de venda, foi criar um espaço onde a marca pudesse se conectar diretamente com os consumidores”, afirma Renato Almeida, diretor de marketing da Dr. Jones. Inaugurada em agosto, nos Jardins, é uma barbearia clássica, de decoração retrô, onde o cliente – “um homem contemporâneo que entende a importância de se cuidar e de apresentar sempre o seu melhor socialmente e no ambiente profissional”, define Almeida – pode cortar o cabelo e fazer a barba, além de comprar os produtos da marca.
Também recentemente aberta em São Paulo, no Itaim Bibi, a Corleone é inspirada nas antigas barbearias nova-iorquinas, sempre presentes em filmes da máfia (o nome vem do personagem de “O Poderoso Chefão”). Além de cabelo e barba, a casa dispõe de depilação de nariz e orelha, manicure, pedicure e design de sobrancelha e conta com uma carta com 450 rótulos de cerveja. Na mesma linha, a Barbearia Bastos, há mais de dois anos no bairro da Lapa, tem um bar como área de espera e no salão, uma TV está sempre ligada no futebol. Entre as opções de serviço, está a camuflagem de cabelos brancos.
“A volta das barbearias é uma tendência mundial. Acredito que é uma vontade de resgatar esta tradição, esta experiência que é 100% masculina. A barbearia é um ambiente criado para o homem, onde ele não se sente um intruso como nos salões de beleza. É o lugar perfeito para ele ir com um amigo, no final do dia, para relaxar, tomar uma cerveja e ainda sair com uma aparência melhor”, explica Campos, da Dr. Jones.
A pioneira nesta retomada das barbearias tradicionais no Brasil foi a 9 de Julho, que chegou ao centro de São Paulo em 2007, quando esse tipo de negócio era visto como ultrapassado. Seguindo o estilo vintage, tem cadeiras clássicas de ferro cromado e antiguidades na composição do ambiente, como caixa registradora manual, telefone de disco e vitrola, de onde saem clássicos do rock. Trabalhando apenas com barba feita à navalha e toalha quente e cortes de cabelo, a barbearia virou rede: já conta com seis endereços na cidade e a previsão é abrir mais quatro até 2016.