O uso de algas para fins cosméticos não é exatamente algo novo, lembra Emilia Brito, diretora de marketing e comunicação da Riô SkinLab, da marca brasileira de dermocosméticos. “Séculos atrás, egípcios, gregos e romanos já utilizavam algas marinhas em banhos e tratamentos para a beleza e saúde da pele. No entanto, o interesse da indústria de cosmético por esse ativo é recente”.

Ricas em vitaminas, minerais, aminoácidos e proteínas e consideradas uma das principais tendências de beleza em 2024, as algas são objeto de estudo há mais de dez anos de Lívia Suzart, diretora de P&D da Fortalgas.

Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a empresa do Fortgroup desenvolveu dois produtos – o KappaVB e o KappaVB Cream – que utilizam a Kappaphycus alvarezii, a alga vermelha, como ingrediente ativo, aproveitando suas propriedades hidratantes, antioxidantes e anti-inflamatórias.

Organismos marinhos super-resistentes

“As algas são organismos marinhos super-resistentes. Elas passam por muitas intempéries, como variação de salinidade e de temperatura e uma maior ou menor incidência de radiação solar. Para se manterem vivas, elas produzem inúmeros metabólitos, que são agentes que atuam protegendo a saúde de nossa pele e do fio capilar”, explica Suzart.

Ela aponta que os produtos da linha Kappa podem ser incorporados em diversas formulações cosméticas, tendo ótimos resultados para regeneração e hidratação da pele, assim como reparação e hidratação de cabelos, com efeitos antiqueda e antiquebra, com resultado 10 vezes superior ao popular óleo de argan.

A Riô SkinLab trabalha com dois bioativos de algas em seus cosméticos. “O Bioativo de Microalgas Verdes, presente no Mist Pró-Firmeza, vem de um organismo unicelular encontrado em lagos de água doce. Ele tem uma composição rica em aminoácidos, vitaminas, sacarídeos, minerais e, principalmente, carotenoides, que resulta numa potente ação protetora das células, antioxidante, reparação dos danos da luz azul e da radiação UVB e proteção dos fibroblastos. Na pele, isso se traduz em benefícios como aumento da firmeza e redução da hiperpigmentação pós-sol”, explica Brito.

Já o Bioativo de Algas Marinhas, que está em produtos como o Gel de banho e a Bruma Biohidratante Corporal Aqua, é, segundo ela, capaz de melhorar a defesa imunológica da pele e de estimular a habilidade natural de autorreparação e autoproteção. “Ele reequilibra a população de queratinócitos e potencializa a função de barreira da pele, oferecendo melhora da hidratação e da elasticidade. Também tem ação antioxidante e anti-fotoenvelhecimento e atua na regeneração de células saudáveis”.

O primeiro cosmético da Riô SkinLab com algas marinhas foi lançado em 2018. “Somos uma marca de vanguarda e, como tal, adotamos inovações que depois viram tendência e acabaram ganhando o ‘mainstream’”, afirma Brito.

Lançada em 2022, a Lorm Cosméticos incorporou extratos de algas marinhas vermelhas e marrons na formulação de seus produtos capilares. “Cabelos são materiais complexos, que sofrem ataques de natureza diferente dos que vemos na pele, como água oxigenada para clareamento, calor da chapinha, entre vários outros. Nós usamos as propriedades que as algas têm de se ligarem às proteínas do cabelo para conseguir benefícios específicos, como proteção da poeira, calor, ressecamento, alinhamento de cutículas, brilho, maciez, preenchimento de áreas danificadas, entre outros”, diz a fundadora e proprietária Rebeca Souza.

Alga é tendência cosmética que vai se manter

As algas devem continuar em alta no segmento cosmético, de acordo com Suzart. “É uma tendência que vai se manter. No meu estudo de prospecção tecnológica baseado em Kappaphycus alvarezii, vemos um crescimento na utilização de algas marinhas em diversos produtos pelo menos até 2030”.

A diretora de marketing e comunicação da Riô SkinLab concorda com a posição. “A ciência conhece mais de 72 mil tipos de algas que se desenvolvem em diversos ambientes. Cada um deles faz com que as algas tenham propriedades distintas, que resultam em diferentes benefícios. À medida em que os estudos, a biotecnologia e os investimentos em P&D avançam, o potencial para descoberta de bioativos com algas para uso cosmético é enorme”, finaliza Brito.