A relação da jovem empresária Ananda Boschilia com produtos orgânicos vem de berço. “Meus pais sempre foram ‘naturebas’ e não me deixavam usar nenhum produto químico no corpo”, diz ela. Só que ir às compras era sempre muito complicado. Moradores de Joinville, no interior de Santa Catarina, eles tinham dificuldade para encontrar artigos naturais de cuidados pessoais no mercado. Veio daí a decisão de importar cosméticos orgânicos para o Brasil.
Depois de muitos testes, a família se encantou pela Alva Naturkosmetik, marca alemã com 12 linhas de produtos de beleza naturais e orgânicos em seu portfólio. “Além dos artigos excepcionais, de alta tecnologia, e a diversidade do catálogo, sabíamos do interesse da marca em vir para o Brasil”, afirma Boschilia.
Em 2008, foi inaugurada a Alva Brasil. “A primeira importação foi bem complicada, não tínhamos um mercado consolidado. Primeiro tivemos que conscientizar, ensinar o consumidor, para depois vender”, conta a diretora da companhia.
Aos poucos, a empresa foi ganhando espaço, inserindo seus produtos em lojas especializadas em orgânicos, perfumarias convencionais e farmácias de manipulação. A Alva era a única marca de maquiagem orgânica disponível no Brasil até 2014, quando começaram a surgir as primeiras concorrentes. “Foi muito bom ser única durante esse tempo e ter feito um ótimo trabalho de conscientização. Acho maravilhosa a chegada de novas marcas para poder multiplicar esse conceito. Não as considero concorrentes, e sim parceiras, lutando pelo mesmo ideal: trazer saúde e beleza para as pessoas”, diz Boschilia.
Para a empreendedora, o segmento de cosméticos naturais ainda tem espaço para novas marcas no Brasil. “É um mercado em plena evolução. Apesar dos anos de crise, ele vem crescendo de 30% a 35% ao ano e movimenta mais de R$ 2,5 milhões anualmente, mas representa apenas uma fatia de 1,5% do mercado total. O potencial é muito grande”, assegura.
Há cerca de três anos, Ananda decidiu se mudar para São Paulo para estar mais perto dos principais clientes e expandir a marca, abrindo a primeira loja da Alva Brasil. Só que uma gravidez de gêmeas a fez recuar e voltar a sua cidade natal, ficando perto da família. “Não desisti desse projeto, ele só foi adiado”, afirma.
O plano então se voltou para o mundo virtual. A empresária assumiu há um ano a operação do e-commerce Beleza Orgânica. O site começou como um blog sobre cosméticos naturais e orgânicos, com dicas de beleza consciente. “Sempre foi meu sonho ter uma loja multimarcas, um lugar onde eu pudesse reunir os melhores produtos de cuidados pessoais e beleza do mercado”, revela.
O Beleza Orgânica traz informações específicas sobre cada item, incluindo a lista dos ingredientes e a respectiva classificação – natural, orgânico ou vegano. A Alva Brasil é o carro-chefe do site e representa 80% do faturamento. Entre as outras 15 marcas disponíveis estão as nacionais Souvie e Dona Orgânica, e as importadas Acorelle e Baims.
Uma das novidades é o desodorante da marca norte-americana Lafe’s, que Ananda começou a importar este ano. Desenvolvido com sais minerais naturais, o produto não leva cloridrato de alumínio na sua fórmula, que pode causar efeitos tóxicos ao organismo se usado cumulativamente. Apesar do preço elevado para a categoria (R$ 75), a empresária já credita 10% das vendas atuais do site ao produto.
Além de coordenar a importação e distribuição da Alva e Lafe’s e dirigir o Beleza Orgânica, a empresária ainda tem fôlego para trazer ao Brasil a produção de linhas de maquiagens orgânicas. “A Alva foi comprada por um grupo francês no final do ano passado. Com a mudança, o plano da produção no Brasil foi adiado, mas temos outras marcas de maquiagem que atualmente são importadas e passaremos a fabricar localmente”, afirma Boschilia.