Não há dúvida de que o design das embalagens é decisivo para estabelecer um diferencial para as marcas em um mercado cada vez mais competitivo. Uma das tendências identificadas na última edição do evento Packaging Innovations, em Londres, aponta para uma demanda crescente por embalagens mais informativas.
“Não basta lançar um produto, ele precisa vir com um protocolo em destaque. Rotinas que envolvam mais de uma etapa demandam embalagens que indiquem detalhes do passo a passo e se o produto é indicado para uso diurno ou noturno”, explicou Emmanuelle Bassman, fundadora da consultoria londrina de tendências In-Trend, durante o evento.
No Brasil, o perfil informativo ainda é uma tendência embrionária. “Entendemos se tratar de um adicional de funcionalidade ao usuário do produto, mas ainda não tivemos demanda entre nossos clientes do Brasil que enfatizasse a utilização de protocolos nas embalagens primárias”, explica Marcus Correa, gerente de marketing de produtos de consumo da fabricante de embalagens Bemis.
A Truss, porém, já apresenta exemplos no mercado. O kit de hidratação dos cabelos #loucasportruss, composto por xampu, reconstrutor intensivo e tratamento disciplinante, destaca, em sua embalagem, a ordem de uso. Segundo Manuella Bossa, fundadora e CEO da marca, a indicação dos números ajuda o cliente a identificar rapidamente o modo de usar. “Seguir essa ordem é essencial para utilizar os produtos corretamente e obter o resultado ideal”, explica.
A linha Workstation Miracle também traz embalagens informativas, indicando diversas combinações entre os produtos disponíveis e criando tratamentos de acordo com a necessidade de cada cliente. “A Truss sempre se preocupa com o design das embalagens. Além de um visual bonito e impactante, que agrade o consumidor, elas também precisam apresentar informações claras e objetivas sobre o produto,” afirma Bossa.
Para Bruno Lemes, designer da agência Casa112, o cliente ganha facilidade e rapidez na hora de identificar o modo de uso. “A implementação dos protocolos nas embalagens torna o produto mais amigável. Se o consumidor deseja resolver um problema específico e consegue encontrar essa informação à primeira vista, sem ter que ler as letras miúdas, é uma vantagem”. Lemes pondera que essa funcionalidade deve ser transmitida com textos curtos e diretos. “Em alguns casos, é necessário ter um protocolo complementar”.
A Casa112 teve suas criações reconhecidas no Prêmio Embanews 2016. A embalagem da Água Dermatológica da Profuse foi uma das vencedoras em quatro categorias, incluindo Design e Marketing. O verso do frasco traz informações didáticas sobre quando e como usar o produto. “Trazer os protocolos diretamente nas embalagens transmite simplicidade de uso para os consumidores”, completa Löic Prud’homme, responsável pelo desenvolvimento de negócios.
Correa ressalta que todos os formatos de embalagem suportariam esta tendência, mas as dimensões poderiam ser um limitador. “O espaço físico para comunicação em embalagens pequenas seria muito restrito, uma vez que há necessidade de inserção de informações legais, identidade da marca, códigos de barra, etc”.
As legislações em vigor também apresentam um desafio para os rótulos, lembra Prud’homme. “No Brasil, algumas categorias de produtos devem seguir protocolos estipulados pela da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que não permitem ausência de embalagem secundária ou de bula”.
Quando possível, a embalagem informativa pode trazer redução de custos para as marcas ao dispensar os cartuchos. Porém, é preciso se atentar ao perfil do produto, destaca Correa. “Esta tendência pode ser uma opção muito válida aos fabricantes de cosméticos em relação à economia e a sustentabilidade. Porém, nem todos os produtos ou embalagens suportam a eliminação dos cartuchos, pois estes também são importantes na logística, no acondicionamento dentro das caixas de embarque e na exposição em alguns pontos de venda”.