No mercado brasileiro desde 1996, a Kimberly-Clark vê seu faturamento anual subir na casa dos dois dígitos há uma década. Em 2015, a subsidiária local da gigante norte-americana de cuidados pessoais registrou crescimento bruto de 14%, gerando uma receita de R$ 4 bilhões no país – globalmente, a companhia faturou US$ 18,6 bilhões no ano passado.
Os números foram bastante comemorados, especialmente diante das adversidades enfrentadas no último ano, como a queda na taxa de consumo das famílias brasileiras e a desvalorização do real em relação ao dólar, o que encareceu os custos de fabricação, já que muitas das matérias-primas utilizadas na confecção de seus produtos são importadas. “Os resultados foram positivos e a companhia espera seguir crescendo e ganhando espaço nas categorias em que já atua”, declara sua assessoria de imprensa no Brasil.
Em 2016, a dona de marcas poderosas como Huggies, Intimus e Kleenex, espera repetir a alta superior aos 10% em sua receita brasileira. O país tem a principal operação da América Latina e a terceira maior do mundo para a empresa. Contudo, até hoje, não é considerado um mercado consolidado. Para a Kimberly-Clark, há regiões ainda pouco exploradas no Brasil – principalmente em cidades do Norte e Nordeste.
Mesmo ocupando a terceira posição no ranking mundial do consumo de fraldas descartáveis, superado apenas por Estados Unidos e China, o Brasil tem uma média de fraldas usadas diariamente que gira em torno de quatro unidades. Em países mais desenvolvidos, esse número chega a sete por dia, segundo levantamento da companhia.
Foi enxergando oportunidades como esta que a Kimberly-Clark decidiu instalar em São Paulo o seu novo centro de inovação, que tem previsão de inauguração no mês de abril. O empreendimento – “que reforça a importância do país como mercado estratégico” – custou cerca de R$ 40 milhões aos cofres da companhia. A quantia é parcela até tímida se compararmos com os R$ 400 milhões que a empresa pretende investir no Brasil durante este ano.
O montante será empregado em marketing para suas linhas de produtos, na compra de maquinário e na expansão de seus dois centros de distribuição e cinco unidades fabris, presentes nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e São Paulo.
A Kimberly-Clark Brasil quer também focar no desenvolvimento de novos produtos, atingindo diversos públicos. Com mais de 100 itens em seu portfólio – com destaque para as fraldas infantis Huggies, que em 2015 lideraram a categoria, com 30% das vendas totais no país –, a companhia aposta agora em artigos geriátricos com a marca Plenitud. O objetivo é suprir as necessidades da população idosa do Brasil, que hoje representa 11% do total, mas que deve superar os 30% em 2050.
Com 4000 funcionários em todo o país, a Kimberly-Clark tem planos para reduzir custos de produção – que foram cortados em 5% no ano passado – e procura ampliar sua parceria com fornecedores locais a fim de baratear a fabricação de produtos no país. Segundo a assessoria de imprensa, “para os próximos cinco anos, afirmamos nosso compromisso de ampliar o processo produtivo, continuar investindo em maquinário e seguir firme na busca por inovação como forma de aumentar ainda mais nossa participação no mercado nacional”. Além do Brasil, a multinacional aposta na Rússia e China como motores para seu crescimento global.