Cosméticos com prebióticos já são conhecidos do consumidor brasileiro. “Nutrientes que alimentam um micro-organismo benéfico para a pele, os prebióticos ajudam a manter o controle do bioma da pele e fortalecer sua barreira imunológica”, afirma Nancy Viveiros, orientadora técnica da Bel Col.
Agora começa a crescer no Brasil a oferta de cosméticos formulados com pós-bióticos. “Os pós-bióticos são as substâncias produzidas pelo metabolismo dos microrganismos vivos que habitam nossa pele”, define a dermatologista Simone Stringhini. “Essas substâncias equilibram o PH da pele e previnem o surgimento de infecções e doenças, porque ajudam a manter íntegra sua microbiota, que funciona como uma barreira de proteção contra bactérias patogênicas”, acrescenta a médica.
De acordo com ela, os cosméticos com pós-bióticos são indicados principalmente para pacientes com doenças inflamatórias de pele, como a acne, rosácea e dermatite atópica, já que os maiores benefícios dos ativos com ação pós-biótica são os efeitos anti-inflamatório, antioxidante e imunomodulador.
“Os pós-bióticos são encontrados em forma de extratos resultantes de um processo de fermentação entre micro-organismos isolados”, explica a orientadora técnica da Bel Col. A empresa lançou há cerca de um ano uma linha profissional de cosméticos para o controle da acne com pós-biótico. “A Tri-End Mask é uma máscara com princípios ativos de ação pós-biótica denominados Ecobyots. Finalizadora, com efeito selante, reduz a atividade de bactérias ruins, como P. Acnes, aumentando a imunidade da pele”, diz.
Outra marca que trabalha com pós-bióticos é a La Roche-Posay. “Após anos de pesquisa sobre o microbioma da pele, a La Roche-Posay descobriu que a bactéria Staphylococcus Aureus é capaz de formar um filme na nossa pele e desequilibrar o microbioma, provocando coceiras e crises de ressecamento intenso. Pensando, então, em reforçar essa proteção, lançamos o Lipikar Baume AP+M, formado pelo complexo de ativos exclusivos Aqua Posae Filiformis + Microrésyl, que auxiliam na preservação de uma microbiota mais saudável”, afirma Izabella Martorelli, gerente de expertise científica da L’Oréal Cosmética Ativa – divisão que também inclui as marcas Vichy, CeraVe e SkinCeuticals.
Segundo ela, o Aqua Posae Filiformis é desenvolvido na fábrica da companhia francesa, por meio do cultivo das bactérias Vitreoscilla Filiformis na água termal de La Roche-Posay. É responsável por reequilibrar o microbioma da pele, regular a inflamação e espaçar as crises em pacientes com ressecamento severo. Já o Microrésyl é um ativo de origem vegetal que age diretamente na formação desse biofilme e previne a proliferação da bactéria Staphylococcus Aureus na pele.
“Os cosméticos formulados com princípios ativos com pós-bióticos ganharão mais espaço no Brasil”, diz Viveiros. Para ela, o alto índice de peles mistas e oleosas da população brasileira, somado ao clima tropical do país, são fatores que podem impulsionar essa categoria no segmento de cuidados pessoais.
“Ainda existem algumas barreiras para a regulamentação e a padronização desses ativos, principalmente dos probióticos, que são os micro-organismos vivos”, pondera Stringhini. Por ora, não existe legislação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que permita o uso de probióticos em cosméticos, liberados apenas em alimentos e medicamentos. “Mas o mercado de microbioma vem crescendo bastante e deve continuar assim. Estudos mostram, cada vez mais, a importância da manutenção do bioma para a saúde da pele”, finaliza a dermatologista.