O crescimento está relacionado a diversos fatores: o aumento de renda da população, a chegada de novas marcas ao mercado, a conscientização da importância da saúde da pele impulsionada por dermatologistas, o aumento da expectativa de vida e, com ele, a necessidade de se manter jovial por mais tempo, e até a acirrada competição por empregos. “Cuidar de si é fundamental para continuar inserido no mercado de trabalho”, afirma João Carlos Basilio, presidente da ABIHPEC.
Uma pesquisa da consultoria Mintel publicada no início de 2014 mostrou que a busca por produtos mais práticos e fáceis de usar é cada vez mais evidente no Brasil. “No passado, o brasileiro considerava cuidar da pele uma rotina difícil e demorada e por isso não mantinha cuidados regulares. Hoje, vem dando mais importância a produtos que tratam da saúde da pele, buscando novas tecnologias e rotinas simples e rápidas”, afirma Shana Peixoto, diretora de marketing da americana Mary Kay no Brasil.
Um dos setores que mais ganha atenção no Brasil é o de produtos que trazem diversos benefícios, os chamados multifuncionais. Hoje, 38% dos brasileiros utilizam multifuncionais frequentemente, com destaque para os que contêm fator de protetor solar, item decisivo na conquista dos clientes no país, e os BB creams, que tonalizam e cuidam da pele ao mesmo tempo.
Outra grande aposta no Brasil é no segmento de anti-idade. “É crescente o interesse da população em prevenir sinais da idade e ter uma aparência sempre saudável”, diz Peixoto. A Mary Kay investiu em pesquisas para o lançamento em 2013 da linha TimeWise Repair, que promete minimizar sinais do tempo e devolver volume e firmeza à pele. Conforme dados da Mintel, 15% da população brasileira utiliza produtos anti-idade. As mulheres com mais de 55 anos são as maiores consumidoras, mas já existe grande penetração entre jovens de 16 a 24 anos.
O mercado brasileiro de cuidados com a pele está também diretamente ligado às prescrições médicas, o que pode ser visto com bons olhos, já que o país tem cerca de 7 mil dermatologistas, e fica atrás apenas dos Estados Unidos. Contudo, os pacientes ainda tardam a procurar um especialista. “Ouço com frequência: ‘sempre tive pele boa’, ‘só vim porque envelheci do dia para a noite’ ou ‘não tenho tempo’. Quando os pacientes chegam ao consultório, o tratamento já é curativo e não preventivo”, diz a dermatologista Daniela Landim.
É o médico que decide entre indicar produtos de marcas estabelecidas no mercado ou receitas manipuladas, muito populares no Brasil, ao contrário de outros países no mundo. “Costumo prescrever produtos prontos de marcas reconhecidas, que agregam tecnologia avançada desde a fabricação até o envasamento, o que é fundamental para o resultado satisfatório no tratamento”, explica a Dra. Landim.
Para ela, há vantagens e desvantagens no produto manipulado. Entre os pontos positivos, está o valor mais baixo, a especificidade de concentração de cada ativo e a formulação exclusiva para o paciente. Entre os negativos, não saber se as concentrações estão corretas, a validade curta dos produtos e os recursos tecnológicos mais limitados e que variam muito de uma farmácia para outra.