A indústria da beleza acompanha a alta do segmento de e-commerce no Brasil. Segundo Mauricio Salvador, presidente da ABComm, o valor estimado em vendas para 2014 (R$ 31,11 bilhões) é 27% maior que o registrado em 2013. Somente no primeiro semestre, período em que o mercado está menos aquecido, foram R$ 17,7 bilhões. O crescimento em 2013 também foi significativo: 29% em relação ao ano anterior.
O bom desempenho do mercado atrai novos investidores, como os sócios Lucas Lima, Pedro Prellwitz, Flávia Mussalem e Leandro Grespan, que abriram mão de suas carreiras nas áreas de direito, economia e administração para lançar o próprio negócio online. No final de 2012, fundaram o Men’s Market, site especializada no comércio eletrônico de produtos de beleza e cuidados pessoais para o mercado masculino, que comercializa mais de 60 marcas nacionais e internacionais.
Sócio-fundador da Men’s Market, Lima revela que enxergou o potencial do mercado primeiramente pela própria dificuldade de encontrar os itens de higiene pessoal que desejava na internet. “Como não havia muitas opções no mercado, eu e o Pedro comprávamos bastante fora do país, até que concluímos que isso não fazia sentido nenhum”, afirma ele. “Alguém precisava montar uma empresa que tornasse produtos de beleza e cuidados pessoais acessíveis para todos os homens no Brasil”.
Men’s Market oferece cerca de 1500 produtos e tem mais de 10 mil clientes ativos em seu banco de dados, que compram, em média, 5 mil itens por mês. Em 2013, seu primeiro ano de funcionamento, o faturamento foi de R$ 2 milhões. Em 2014, a empresa recebeu um aporte financeiro de R$ 3 milhões do investidor holandês Kees Koolen, fundador do site Booking.com. Com isso, a estimativa de crescimento para este ano é ainda mais ambiciosa, com previsão de faturamento de R$ 7 milhões.
“Escolhemos trabalhar com o e-commerce pois a internet suporta um crescimento muito rápido. Um dos objetivos do nosso negócio é atingir homens do Brasil inteiro, permitindo que todos se cuidem melhor e se preocupem com seu estilo. Englobar esse público com lojas físicas seria muito mais caro, praticamente inviável”, avalia Lima.
A Avon também anunciou recentemente que iniciará uma operação de comércio eletrônico no Brasil. Em um primeiro momento, a empresa comercializará os produtos da recém-lançada linha de maquiagem Luxe, enquanto os demais itens continuarão sendo vendidos somente por catálogo.
A venda pela internet no Brasil, seu principal mercado consumidor, é uma antiga aspiração da Avon, mas a empresa vinha adiando sua migração para o setor com receio de criar concorrência às suas consultoras.
Ao apostar no comércio online, a Avon segue a tendência de sua maior concorrente no país, a Natura. Após um ano e meio de testes nas cidades de Campinas e São José dos Campos, interior de São Paulo, a empresa expandiu em julho o programa Rede Natura para todo o estado. A plataforma digital possibilita que os consultores ofereçam aos clientes as facilidades do pagamento online e a entrega é realizada diretamente pela empresa.
Segundo Alessandro Carlucci, ex-presidente da empresa, a Natura identificou uma oportunidade de evolução em seu modelo de negócios. “Queremos reforçar o papel dos nossos consultores, oferecendo mais uma opção para os consumidores. Percebemos que parte das relações da sociedade atual passa pelas tecnologias digitais e redes sociais, o que abre espaço para ampliarmos o significado de nossa vocação para atuar em rede”, explica o executivo.