Sardas e manchas na pele podem surgir com a exposição excessiva ao sol, mudanças hormonais ou simplesmente pela ação do tempo – e elas são uma das principais preocupações estéticas das mulheres no Brasil, só perdendo para olheiras e “pés-de-galinha”, as temidas ruguinhas na região dos olhos. Apesar de ainda valorizarem uma pele bronzeada, as brasileiras estão procurando cada vez mais produtos que prometem clarear e uniformizar o tom da pele.
No mundo, o segmento de skin care lidera o setor de beleza, tendo faturado US$107 bilhões em 2013, segundo dados do Euromonitor. Deste total, cerca de 65% correspondem a tratamentos faciais, dos quais 30% são de clareadores. Os países asiáticos, onde a pele branca é uma verdadeira obsessão, são os maiores consumidores da categoria, seguidos dos EUA. “No Brasil, os clareadores ainda representam um nicho do mercado, mas essa é uma tendência mundial e nosso país não ficará de fora”, afirma Vanessa Salazar, gerente global de vendas da Beraca, empresa que atua em mais de 40 países e oferece ativos naturais para a indústria cosmética, farmacêutica e de cuidados pessoais.
Segundo Nicolle Nogueira, gerente de marketing da Racco, a categoria vem ganhando mercado a cada ano. “Em 2014, dentro do segmento de cuidados faciais, os clareadores representaram aproximadamente 20% das vendas da Racco. É um número bastante expressive”. Para ela, o bom resultado se deve a uma mudança de comportamento. “A mulher brasileira não quer apenas encobrir as manchas com maquiagens, mas tratá-las, em busca de um tom de pele uniforme”, diz.
Até pouco tempo, os tratamentos de hiperpigmentação se resumiam à aplicação de substâncias agressivas, que podiam causar reações alérgicas, sensibilidade, vermelhidão e, em casos mais graves, manchas irreversíveis. O mais popular – e polêmico – deles é hidroquinona, um composto derivado do benzeno, que destrói as células produtoras de melanina, removendo sardas e manchas. Considerada tóxica, ela vem gradualmente desaparecendo do mercado. No Japão, a substância é proibida; nos Estados Unidos, foi banida em diversos estados; e na maioria dos países europeus, não pode ter concentração superior a 1% da fórmula.
“A proibição da hidroquinona forçou a inovação. A partir dela, surgiram ativos eficazes no clareamento das manchas, que não são agressivos à pele”, afirma Nogueira. O mercado saiu em busca de soluções alternativas: um derivado do lúpulo, broto de agrião suíço, extrato de ervilha, caviar dourado e uma substância da margarida estão entre as novas matérias-primas empregadas no tratamento de manchas faciais.
A Beraca lançou neste ano o Beracare BBA, um ativo clareador desenvolvido a partir do óleo de pracaxi. O ingrediente, que já era utilizado pela empresa no segmento de cuidados com os cabelos, demonstrou ter propriedades clareadora e anti-idade em pesquisas realizadas em um laboratório francês. “Existe uma demanda por ativos 100% naturais e orgânicos neste segmento. Enxergamos a oportunidade de desenvolver um produto que se diferencia dos demais disponíveis no mercado por ser um ingrediente natural e que apresenta múltiplos benefícios para a pele”, afirma Salazar.
De acordo com a Racco, as maiores consumidoras de clareadores no Brasil são mulheres na faixa dos 30 aos 60 anos, que tendem a buscar tratamentos antimanchas no inverno “devido ao antigo costume de aplicar certos ingredientes na remoção de manchas que podiam piorar com a ação do sol”, diz Nogueira. Ela também aponta um velho hábito que está mudando: “o fator de proteção solar facial vem aumentando. Antes, um protetor com FPS 15 era suficiente para a brasileira ir à praia. Hoje, ela já busca filtros com FPS acima de 50 para uso diário. A tendência de uma pele mais clara deve chegar ao Brasil nos próximos anos”, aposta.