Adepto tardio da cultura de perfumes, o mercado chinês, impulsionado pelas jovens gerações, vem manifestando crescente interesse por esse produto de luxo, revelando desejos até então inexplorados. O "Atelier Chine", organizado pela Maison Takasago, objetiva compartilhar, com base em dados reais, as informações mais importantes sobre esse mercado que oferece um imenso potencial para o futuro da indústria de perfumes.
"Empresa japonesa centenária e número um na Ásia, a Takasago vem focando seu trabalho no desenvolvimento de uma expertise que abrange todos os mercados asiáticos, em particular o mercado chinês. Quem é o consumidor chinês de hoje em dia? Que fatores estão impulsionando o setor de beleza? Quais são as preferências olfativas e os ingredientes com maior potencial? Como superar os clichês olfativos sobre a China e a crença de que o país só aprecia fragrâncias florais lisas e com poucas facetas? Como deixar para trás esses estereótipos e criar os produtos originais que caracterizarão o futuro da indústria? Pela primeira vez, a Takasago decidiu também compartilhar sua paleta de ingredientes locais made in China, reunindo os mais belos insumos naturais captados com excepcional qualidade para oferecer uma intensa experiência olfativa. Eles abrem caminho para a criação de produtos originais que conquistarão o mercado chinês de amanhã", explica Sylvain Eyraud.
Dados promissores
"Até 2030, a China vai provavelmente se posicionar como a segunda porta mais importante do mercado mundial de perfumes", continua Sylvain Eyraud. Para fazer essa afirmação, ele se apoia em resultados que deixam entrever um forte crescimento para o setor de perfumes no país. Segundo a Takasago, em 2020 os países asiáticos — principalmente o Japão, a Coreia e a China — responderam por 13% do mercado mundial de perfumes de luxo. Dentro dessa região, a China se destacou como o país mais promissor nesse ano crítico, registrando crescimento de 15%. O estudo revela também hipóteses de projeção relativas à evolução do mercado entre 2020 e 2024, bem como para o período de 2024 a 2030, prevendo que a China certamente passará do sexto para o segundo lugar no mercado mundial.
"De um lado, temos mercados maduros e relativamente estáveis; do outro, temos o mercado chinês, que oferece um reservatório excepcional de crescimento, impulsionado por uma geração de jovens ávidos por novidades em matéria de perfumes. Os próximos cinco anos dirão como as coisas vão evoluir, mas a base que estamos construindo hoje será decisiva para o sucesso de amanhã", explica Mathilde Girardon.
Levar em conta as especificidades
Num país cuja economia é uma das poucas a ter registrado um certo crescimento no final de 2020 e no qual a renda bruta disponível foi multiplicada por dois desde 2010, todas as condições estão reunidas para favorecer o consumo de produtos de luxo, em particular fragrâncias. Dinamizada pela geração Millennials, a economia vem incorporando novas especificidades nacionais ainda pouco exploradas: interesse ilimitado por um universo digital amplamente influenciado pelos KOL (Key Opinion Leaders); busca de novas experiências; desejo de reconciliar o ser humano e seu ambiente com base na relação com a natureza ancestral; e, acima de tudo, a idealização de uma nova forma de patriotismo.
"Tudo o que temos visto no Ocidente a respeito da valorização de produtos locais vale também para a China. Hoje, os cidadãos cultivam o orgulho de ser chinês (Chinese Pride), e esse sentimento está presente nos hábitos de consumo, mas também pode ser observado em referências emocionais ou culturais. Aliás, a relação com a natureza é fundamental, embora ainda haja uma certa diferença de maturidade nas questões de sustentabilidade entre esse mercado e mercados mais maduros, como Estados Unidos e França", ressalta Sylvain Eyraud.
Esse consumo patriótico se traduz na crescente busca por produtos Crafted in China, mais do que Made in China. A tendência já é visível no setor de perfumes, manifestando-se em marcas como Scent Library, Boitown, ReClassified, Herborist e O D’Hora, assim como na valorização de ingredientes olfativos provenientes da herboristeria nacional. Alguns ingredientes têm uma importância muito especial para a China, como chá verde e chá preto, ganoderma, jasmim, gingko, gengibre, ginseng, bambu, arnica e cravo.
"A China concentra verdadeiros tesouros em matéria de flores, ervas, chás e frutas, entre outros insumos", promete a equipe da Takasago.
Odores que inspiram
A Maison japonesa citou 25 tesouros olfativos únicos, que têm o poder de evocar emoções intensas. Entre eles, destacam-se a flor de crisântemo, símbolo imperial de longevidade na China; o Da Hong Pao, autêntico tesouro nacional; a íris; a magnólia; a flor de ameixeira, símbolo da beleza interior; a jaca; a mão-de-buda; a pimenta de Sichuan; o anis-estrelado; o ganoderma e o ginseng, muito usados na medicina chinesa; e, por fim, o odor de tinta nanquim, que se inspira na arte da caligrafia. A cada joia olfativa corresponde toda uma simbologia local.
Embora os perfumes frescos e frutados ainda respondam pela maior parte das vendas, as fragrâncias mais audaciosas, em particular do segmento de perfumes de nicho, já traduzem a evolução do setor.
"Tudo o que o consumidor chinês mais quer é ser surpreendido. Mas, para tanto, primeiro é preciso compreendê-lo e não tentar copiar o que se faz no Ocidente. Só assim será possível criar os produtos originais de amanhã", conclui Sylvain Eyraud.