O método CCS captura, na saída do sistema de emissão de diversas instalações industriais (centrais elétricas, fábricas de cimento, altos-fornos etc.), o carbono emitido pela combustão de energias fósseis ou resultante de processos industriais, antes que ele entre na atmosfera.
O método DAC, por sua vez, consiste em extrair o CO2 que já esteja presente no ar, mediante o uso de grandes ventiladores e de processos químicos. Mas, como o CO2 se encontra disperso no ar – 420 partes por milhão, ou seja, cerca de 0,04% –, essa técnica consome mais energia e mais investimentos.
Em compensação, como esse método permite remover o CO2 da atmosfera, a tecnologia DAC pode gerar créditos de carbono, atraindo empresas que desejam compensar as emissões produzidas por suas operações. Essa técnica requer que o carbono captado seja sequestrado de forma permanente em reservatórios geológicos herméticos – por exemplo, campos petrolíferos desativados.
Com ambos os métodos, o CO2 capturado e armazenado pode ser reutilizado para fabricar produtos como pastilhas de combustível, combustível sintético para a aviação, ou simplesmente garrafas de plástico ou ingredientes e álcool para perfumes. Seja qual for o resultado desse reaproveitamento, parte do carbono voltará para a atmosfera, mas estima-se que essas técnicas consigam reduzir drasticamente o volume de novas emissões.
A necessária expansão
A indústria de combustíveis fósseis utiliza a técnica de CCS desde os anos 1970, porém não para impedir que o carbono penetre na atmosfera. Originalmente, esse método era usado para acelerar o processo de extração de petróleo, mas a crise do clima e os subsídios públicos concedidos ao setor reavivaram o interesse da indústria de combustíveis fósseis em utilizá-la para reduzir a emissão de poluentes, embora essa técnica ainda não seja rentável. A usina de Petra Nova, no Texas, maior fábrica de CCS do mundo, teve suas operações interrompidas três anos após ser inaugurada, em 2017.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), no final de 2022, em nível global, 35 empresas comerciais usavam essa tecnologia, capturando, ao todo, 45 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
A técnica de remoção de carbono do ar (DAC) é mais recente. No ano passado, as 18 fábricas espalhadas pelo mundo que adotam essa tecnologia só extraíram 10 mil toneladas de CO2, o que equivale ao volume emitido mundialmente em 10 segundos.
Ou seja, as duas tecnologias necessitam dar um salto de produtividade se quiserem desempenhar um papel realmente significativo na descarbonização da economia mundial.
Para cumprir a meta de zero emissão líquida de carbono até 2050, as instalações que utilizam o método CCS precisam capturar anualmente 1,3 bilhão de toneladas de CO2 até 2030, isto é, 30 vezes mais do que o volume registrado no ano passado, segundo a AIE. Quanto às infraestruturas equipadas com tecnologia DAC, no mesmo período elas deverão extrair 60 milhões de toneladas de carbono ao ano.
Embora esses objetivos hoje pareçam inatingíveis, desdobramentos recentes reacendem a esperança: no ano que vem, entrará em operação nos Estados Unidos a primeira fábrica capaz de capturar um milhão de toneladas de carbono ao ano. "É um imenso desafio, mas não chega a ser inédito", afirma, em entrevista à AFP, o professor Gregory Nemet, da Universidade de Wisconsin, em Madison, citando o espetacular crescimento registrado pela energia solar em algumas décadas.
Resta solucionar o problema do armazenamento: a preparação de um reservatório pode levar até dez anos, o que constitui um freio ao avanço nessa área.
Custos ainda muito altos
A tecnologia CCS custa entre US$ 15 e US$ 20 por tonelada caso os fluxos de CO2 apresentem alta concentração, e entre US$ 40 e US$ 120 por tonelada se os fluxos de carbono estiverem mais diluídos, por exemplo quando emitidos por centrais. Quanto à técnica DAC, o processo sai ainda mais caro, situando-se atualmente na faixa de US$ 600 a US$ 1.000 por tonelada de carbono extraída.
No entanto, segundo o relatório State of Carbon Dioxide Removal deste ano, até 2050 os custos deverão cair para US$ 100 a US$ 300 por tonelada.
Investimentos de grande porte
Recentemente, os Estados Unidos e o Canadá aprovaram leis de incentivos fiscais como forma de motivar as empresas a investirem nessas tecnologias. Na Ásia, a Coreia do Sul e a China já estão investindo pesado nessa área, com destaque para a província chinesa de Jiangsu, onde acaba de ser inaugurada uma fábrica com capacidade de captação de 500 mil toneladas de carbono por ano.
A Europa também está fazendo o dever de casa, com o desenvolvimento de um verdadeiro "cemitério de dióxido de carbono" no Mar do Norte.
Em relação à DAC, muitas grandes companhias, como Alphabet, Shopify, Meta, Stripe, Microsoft e H&M, pretendem destinar quase um bilhão de dólares a empresas que tenham projetos de investimento nessa tecnologia até 2030. No mês passado, o banco JPMorgan firmou um acordo com a Climeworks, empresa pioneira em tecnologia DAC sediada na Suíça, selando o compromisso de investir US$ 20 milhões ao longo de nove anos.