A produção de uvas viníferas no Vale do rio São Francisco não tem nem três décadas. A ideia de cultivar a fruta no sertão do Nordeste, com seu clima semiárido de calor constante e longos períodos de seca, parecia ousada. Mas deu muito certo.
A alta incidência solar e temperaturas elevadas aliadas à tecnologia de irrigação, possível graças às águas do rio que percorre cinco estados brasileiros, permitem que as videiras produzam até três vezes por ano na região, quando em outras partes do país e do mundo, o comum são até duas safras anuais.
Contudo, não é só pelo rendimento na colheita que as uvas do São Francisco se destacam. As características do clima e solo no local também aumentam a concentração dos componentes fenólicos dos frutos, como resveratrol e antocianinas, antioxidantes naturais que atuam no combate ao envelhecimento da pele.
Investindo no potencial das uvas do Vale do São Francisco – e cerca de R$ 350 mil –, a empresa Adega do Corpo foi inaugurada em 2013, na Bahia. Com duas linhas inspiradas em vinhos, a Brut e a Rosé, a marca dispõe de 40 produtos, entre xampus, condicionares, hidrantes corporais, óleos de massagem e espumas de banho, todos elaborados com ativos extraídos das uvas da região.
As fórmulas foram desenvolvidas pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia e a indústria de cosméticos Amazun com exclusividade para os cosméticos da marca, que tem lojas em Salvador.
A parceria entre as duas empresas de cosméticos e a universidade pública também deu origem ao Grupo de Ciências, Tecnologia e Inovação do Vale do São Francisco, idealizado há três anos por Hélia Braga, diretora executiva da Adega do Corpo. Com o objetivo de aprofundar as pesquisas sobre as uvas cultivadas na região, suas propriedades e aplicações, o grupo também tem a participação de representantes da Escola do Vinho do Campus Petrolina Zona Rural, das vinícolas Ouro Verde e Santa Maria e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).