O aumento da oferta de produtos de beleza e cuidados pessoais, a expansão das marcas próprias e a reformulação de programas de fidelidade ao consumidor vêm remodelando o conceito de farmácia no Brasil. Em 2017, a venda de não medicamentos nas 25 redes associadas à Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) contabilizou mais de R$ 14 bilhões e registrou um crescimento de 7%, bem acima da média do varejo nacional. Produtos de higiene pessoal, cosméticos e conveniência já representam 32% do volume total de vendas.
“Foi-se o tempo das perfumarias de bairro. Hoje, as grandes redes de farmácias oferecem um mix variado de produtos em um único lugar, o que é sinônimo de conforto e conveniência para o consumidor. Elas vêm se tornando verdadeiras ‘lojas de saúde e beleza”, comenta Sergio Mena Barreto, presidente executivo da Abrafarma. “Há cada vez mais produtos voltados para o bem-estar, sem que os medicamentos tradicionais percam espaço”. Ele afirma que mesmo com margens de lucro menores que os medicamentos, esses itens contribuem para valorizar a experiência de compra no ponto de venda e fidelizar os clientes.
Com mais de 1.600 unidades espalhadas por 20 estados brasileiros, a Raia Drogasil acompanhou a tendência de transformar a farmácia em um estabelecimento que promove qualidade de vida. A venda de produtos de beleza e higiene pessoal nas lojas da Raia Drogasil já corresponde a 30% do faturamento da companhia. “No último ano, temos focado na experimentação e em ações com consultoras de beleza, além da exposição dessa categoria, que tem um espaço nobre reservado dentro das lojas”, afirma Eugênio De Zagottis, vice-presidente de planejamento e relação com investidores da Raia Drogasil.
Itens de marca própria alavancam o consumo
“Nas nossas marcas próprias, o consumidor encontra qualidade e preços acessíveis. Nosso portfólio contempla mais de 500 produtos das linhas TRISS (acessórios para os cabelos e maquiagem), Needs (produtos de beleza e cuidados pessoais), B-Well (vitaminas, suplementos vitamínicos e nutricosméticos) e Nutrigood (alimentos funcionais)”, diz Zagottis.
As marcas próprias atendem um amplo segmento de consumidores, inclusive os de menor poder aquisitivo, já que amplia as opções de produto em loja. “Concorremos de igual para igual com as outras marcas. A diferenciação é feita pelo próprio consumidor, uma vez que não há nenhum tratamento especial na exposição desses itens na área de venda. Percebemos que os consumidores já foram conquistados pela marca Needs, por exemplo, que é nosso carro-chefe em marca própria”, ele explica.
A Raia Drogasil lança, em média, 210 novos produtos de marca própria por ano e a ideia é continuar a expandir o portfólio. Entre os itens mais comprados estão lenços umedecidos, demaquilantes, autobronzeadores e itens de cutelaria. Para Zagottis, essa oferta não canibaliza as vendas de produtos das outras marcas. “As ações respeitam as parcerias existentes e complementam o mix de itens disponíveis nas lojas”, ele afirma. “Os produtos de marca própria funcionam como uma importante ferramenta de fidelização dos consumidores e oferecem rentabilidade e competitividade em autosserviço”.
A rede também apostou na reformulação de seus programas de fidelidade, com ofertas personalizadas de acordo com o perfil do cliente, descontos em medicamentos tarjados e itens de perfumaria.
Serviços contribuem para aumento do faturamento
Outra tendência que aparece no setor é a oferta de serviços. Em 2013, a Abrafarma criou o programa Assistência Farmacêutica Avançada, com a finalidade de colocar em operação salas de atendimento clínico para auxiliar a população em tratamentos. Os serviços incluem vacinação, acompanhamento de tratamentos prescritos pelo médico e checagem do nível de diabetes, hipertensão e colesterol no sangue. Hoje, são 1.650 salas de atendimento personalizado espalhadas por 350 municípios.