Em busca de alternativas sustentáveis para ingredientes sintéticos derivados de petróleo, os fornecedores promoveram uma diversificação dos processos de extração e produção. Embora o reino vegetal figure como principal origem de ativos ecológicos, novas substâncias vêm sendo obtidas de fontes alimentícias ou marinhas. "Estamos descobrindo novas aplicações para esses ativos, como efeito anti-idade e anti-inflamatório, controle do excesso de sebo, hidratação da pele e outros benefícios do gênero. Nos produtos para cabelos, por exemplo, o campo de ação dos ativos ecológicos abrange tanto o crescimento como a prevenção contra queda e o combate à caspa", ressalta o Organic Monitor.
Novas fontes de ingredientes
Com a recente adoção de métodos mais sustentáveis de extração e beneficiamento, abrem-se amplos caminhos para novos ativos ecológicos. A IRB Tech (Croda) e a Mibelle Biochemistry, por exemplo, estão desenvolvendo novos ativos a partir de espécies vegetais raras e até ameaçadas, graças à tecnologia de células-tronco vegetais. Como os ativos são produzidos em laboratório a partir de células vegetais, o impacto ambiental é consideravelmente inferior ao de ativos obtidos por meio de métodos tradicionais. A previsão é que a participação de mercado desses ativos cresça à medida que os fornecedores de ingredientes consigam realizar economias de escala na produção.
A popularidade dos ativos marinhos também vem aumentando, visto que, cada vez mais, os formuladores têm buscado inspiração nos inestimáveis recursos oceânicos e marítimos. As fontes de ingredientes incluem óleos e derivados de peixes, plantas litorâneas, algas e minerais marinhos. Segundo a Organic Monitor, "alguns fornecedores de ingredientes, como a Heliae, focam no uso de algas em razão de seu alto poder de regeneração. Além disso, ao contrário de peixes e recursos agrícolas, a produção de algas é menos sujeita a flutuações, o que garante maior estabilidade aos preços. A empresa francesa BiotechMarine, por exemplo, desenvolveu uma linha de 80 ativos à base de extratos ou derivados de células-tronco provenientes de recursos marítimos."
Ativos obtidos a partir de substâncias alimentícias também continuam oferecendo novas aplicações no setor de cosméticos. Muitos produtos desenvolvidos recentemente empregam superalimentos - como açaí, goji, romã e chá verde - em virtude de sua alta concentração de antioxidantes. Essa tendência levou certas marcas a desenvolver linhas completas com base em ingredientes alimentícios, como a Skin Food e a Yes to Inc., por exemplo.
Desafios técnicos
O Organic Monitor constata, no entanto, que o uso desses novos ativos sustentáveis gera também desafios inéditos em matéria de formulação. "A estabilidade e a conservação do produto são questões importantes, em particular no caso de marcas que desejam desenvolver produtos cosméticos naturais ou orgânicos. Outro tipo de obstáculo são as diferenças entre normas que autorizam ou não determinados recursos, métodos de sintetização e formulações".
O uso crescente de ativos "verdes" em formulações cosméticas será um dos temas centrais dos próximos eventos organizados pelo Organic Monitor. Tanto o Sustainable Cosmetics Summit North America (15 e 16 de maio em Nova York) como a Natural Cosmetics Masterclass (25 de junho em Paris) organizam workshops sobre ativos sustentáveis, com conselhos práticos para fabricantes e laboratórios que queiram utilizar novos ativos ecológicos em suas formulações cosméticas.