Há pouco mais de três anos, o IBGE anunciou: os brasileiros já têm mais cachorros do que crianças em casa. Se o número de menores de 13 anos não chega a 39 milhões, o de cães ultrapassou os 52 milhões no ano passado. Somando cachorros, gatos e aves, o país conta com a segunda maior população de pets no mundo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
A relação das pessoas com animais domésticos mudou nos últimos anos. Uma pesquisa de 2018 da consultoria CVA Solutions revelou que 32% dos entrevistados consideram seu pet “um filho” e para mais de 24%, ele é um “membro da família”.
Donos de cães gastam em média R$ 300 mensais. Os que têm gatos, R$ 200. Juntos, eles impulsionam um mercado que faturou R$ 20,7 bilhões em 2017, um aumento de 7,9% em relação ao ano anterior, de acordo com a Abinpet. A maior fatia está na alimentação, com 68,6% do total. A categoria pet care, que inclui produtos de higiene e cosméticos, representa 7,9% das vendas.
Xampu e condicionador são os artigos mais populares. Mas a cesta de beleza animal cresce a cada dia. Ela pode ter hidratante, colônia, lenço umedecido, pasta de dente, spray para banho a seco, protetor solar e até esmalte. “A paixão que as pessoas têm pelos seus bichinhos é um grande motivador na hora da compra”, afirma Andréia Bernabe, gerente de produto da Cless Conceito.
O braço de vendas diretas do Grupo Cless introduziu recentemente em seu catálogo uma linha dedicada aos animais de estimação. “Investimos na Cless Pet Authentic Care para diversificar o portfólio e entrar neste nicho com grande potencial de desenvolvimento. As vendas têm superado as nossas expectativas”, diz Luciano Ferreira, gerente de operações de venda da empresa.
Com crescimento anual que varia de 8% a 10%, a Natural Pet atua no segmento desde 1999. “Há 20 anos, estamos notando uma evolução constante a positiva”, fala Saul Spinetti, engenheiro químico e diretor comercial da fabricante de produtos naturais de higiene e beleza animal.
O mercado não só evoluiu como também passou por transformações. “Quem normalmente cuidava do animal de estimação em casa era a mulher. Com a maior penetração da mulher no mercado de trabalho, houve uma mudança de hábitos. Seja pela falta de tempo ou uma melhora das condições econômicas, as famílias estão levando seus pets para cuidados em lojas especializadas”, aponta Spinetti.
O diretor da Natural Pet revela que os produtos mais vendidos da marca fazem parte da linha profissional, comercializados em embalagens maiores (cinco ou 20 litros) e usados em pet shops. “Nas regiões Norte e Nordeste, ainda é forte a venda no varejo dos produtos para cuidados domésticos, mas nas demais regiões do Brasil, isto não ocorre com tanta representação”.
Apesar da semelhança no processo produtivo, os cosméticos para pets se diferem dos produtos para humanos especialmente na composição. “Animais possuem características fisiológicas específicas. Devem ser observadas as matérias primas, ativos e essências usadas na fabricação destes produtos para que não ocorram problemas como alergias, dermatites e infecções, tanto na pele como nos olhos, narinas e boca”, afirma Spinetti. Ele informa que uma médica veterinária e uma farmacêutica cuidam de todo o processo de produção e qualidade dos itens da marca.
Para o diretor da Natural Pet, o mercado deve se manter aquecido. “Temos expectativas muito positivas para os próximos anos. Devemos lançar ainda em 2019, quatro linhas especiais para filhotes e animais idosos, além de ampliar a produção para terceiros”, completa.