Na quinta-feira 6 de julho, em Paris, a Coty, que em 2024 completa 120 anos de existência, apresentou aos investidores europeus os detalhes de sua estratégia e as perspectivas futuras do Grupo. O evento – que vem na esteira do recente anúncio de que a Coty está analisando um projeto de dupla listagem nas bolsas de Nova York e de Paris – foi realizado em Grasse, na França, dois meses após a apresentação dos ambiciosos projetos da empresa, que tem como objetivo posicionar seus perfumes e produtos de cuidado da pele no mais alto patamar do mercado.
Sue Nabi, CEO do Grupo, ressaltou, porém, que o projeto de oferta de ações na bolsa de Paris ainda está em "fase exploratória". Ao mesmo tempo, declarou que as projeções de crescimento no quarto trimestre de 2023, encerrado em 30 de junho, estão sendo revistas para cima, devendo alcançar um nível significativamente maior que o esperado: a previsão é de que o faturamento aumente entre 12% e 15%, considerando bases e câmbio constantes, em comparação com as projeções anteriores, de +10%. Concretamente, a Coty prevê que o EBITDA ajustado totalize entre 965 milhões e 970 milhões de dólares em 2023.
Segmentos de luxo e ultraluxo
Com uma carteira de marcas que englobam "um amplo leque de preços e todas as categorias e tendências de beleza", a Coty percebe um grande potencial de crescimento em sua divisão de produtos de prestígio (63% do faturamento da empresa). "Os produtos de maquiagem e de cuidado da pele no segmento de prestígio respondem, cada um, por menos de 5% das vendas", ressaltou Sue Nabi.
O sucesso da Lancaster na China e o anúncio do lançamento de grandes inovações para a marca Orveda, posicionada no segmento de ultraluxo, refletem essa visão.
Quanto aos perfumes, categoria de maior destaque na divisão de Prestígio, o Grupo aposta na estratégia de "luxificação", com o lançamento da coleção Infiniment Coty Paris, previsto para 2024. "As marcas de grandes criadores do setor de moda continuam dominando o mercado, mas os pure players que apostam em segmentos de nicho são mais competitivos", afirmou Caroline Andreotti, Chief Commercial Officer Prestige.
Nos Estados Unidos e na Europa, observa-se uma marcada preferência por produtos de maior prestígio, motivada pela crescente tendência de os consumidores comprarem perfumes para si mesmos (e não para oferecer a outras pessoas) e pelo aumento da frequência com que eles compram esses produtos.
Em recente relatório, a empresa de consultoria McKinsey prevê um crescimento exponencial do segmento de luxo na indústria de beleza, afirmando que, potencialmente, o mercado de luxo/ultraluxo pode dobrar de tamanho até 2027, com um valor que, de cerca de 20 bilhões de dólares atualmente, alcançará perto de 40 bilhões de dólares.
China, América Latina e varejo de viagem
Presente em 125 países, a Coty está também convencida de que há excelentes oportunidades de crescimento em várias regiões do mundo.
Com o respaldo de suas marcas de prestígio, o Grupo pretende se desenvolver na China, país que responde por 12% do mercado mundial de beleza, mas gera apenas 4% do faturamento da empresa. A mesma estratégia será usada para dinamizar o segmento de varejo de viagem que, por enquanto, representa somente 8% de seu faturamento.
No plano geográfico, a Coty decidiu também apostar em mercados emergentes (América Latina, Oriente Médio, Sudeste Asiático e África), em particular graças à racionalização e à modernização de sua sólida carteira de marcas voltadas para o grande público, como Covergirl, Rimmel, Bourgeois, Max Factor e adidas.
No Brasil, por exemplo, a Coty tem uma gama de marcas locais fortes (Monange, Risqué, Paixão, Bozzano). Para acelerar seu crescimento no país, o Grupo pretende aumentar o número de pontos de venda de seus produtos e expandir sua oferta no setor de fragrâncias.
"Nosso modelo de negócios tem como alicerces um leque de marcas de prestígio inovadoras e uma carteira de marcas jovens, pertinentes e sólidas que atendem ao grande público. Esse modelo tem também como base a presença mundial da empresa – tanto em países desenvolvidos como em países emergentes –, o trabalho de excelência de centros de P&D estrategicamente localizados, o registro de patentes muitas vezes premiadas e o know-how que desenvolvemos em toda a cadeia de valor", concluiu Sue Nabi.