O Instituto de Cosmetologia divulgou os resultados de sua última pesquisa sobre utilização de fotoproteção no Brasil – a maior do gênero, segundo a instituição. De acordo com o estudo, coordenado por Lucas Portilho, especialista em ciências médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 71% da população no Brasil não utiliza filtro solar diariamente.
“Pensando que o Brasil é um país tropical, com alta incidência de radiação solar, trata-se de um dado preocupante. Nós entrevistamos muitas pessoas que estavam na rua no momento, em ambiente aberto, e que relataram não usar o protetor solar”, afirma Portilho. O estudo também mostrou que 55% dos brasileiros não têm noção da quantidade ideal de fotoprotetor a ser aplicada, o que pode levar o usuário a achar que está protegido, quando, na verdade, não está.
A pesquisa é realizada desde 2014 e os números do último ano revelam que a pandemia fez com que as pessoas diminuíssem o uso de fotoprotetores: 62% disseram que deixaram de usar os filtros solares durante o período da quarentena, o que, segundo Portilho, já era esperado, já que as pessoas estavam mais dentro de casa.
Proteção solar todo o ano e até em ambientes fechados
Para Maurizio Pupo, farmacêutico especialista em cosmetologia e CEO da Ada Tina, esse é um erro comum entre brasileiros. “A maioria da população acredita que o uso de protetor solar deve ser limitado aos dias em que as pessoas se expõem ao sol de maneira proposital, ou seja, na praia e na piscina, quando então, podem ocorrer queimaduras. Mas a radiação solar atravessa até as janelas de casa e do escritório. Por isso, é necessário conscientizar as pessoas da importância de se utilizar protetores solares diariamente durante o ano todo e, inclusive, dentro de casa e dentro do escritório”, ele diz.
A Ada Tina, que tem um amplo portfólio em fotoproteção, lançou recentemente os protetores Biosole E+ Ultra Vitamin FPS 90 e Normalize Solar Pore Control FPS 80, ambos com 12h de proteção e indicados para peles com tendência à oleosidade. “O fato de muitos protetores solares possuírem textura gordurosa ou oleosa e precisarem ser replicados várias vezes ao longo do dia, faz com que o consumidor acabe desistindo deste hábito fundamental”, aponta o CEO.
Vinícius Jorge, diretor de vendas da Pierre Fabre Brasil, que detém duas marcas atuante em fotoproteção, a Avène – que também investiu em um protetor facial antioleosidade e a Darrow – que acaba de lançar seu primeiro protetor corporal –, aponta outro fator para o baixo uso de filtros solares no Brasil. “Indo mais a fundo em questões sociais, existe um número restrito de usuários devido à falta de acessibilidade ao produto”, ele afirma.
Portilho lembra que o valor da matéria prima, comercializada em dólar, também levo à alta do valor nos últimos anos. “O preço alto limita o consumo para muitas famílias. Diante desta realidade, o governo deveria subsidiar parte deste protetor, por não se tratar de algo apenas de efeito estético, mas também de saúde pública”.
Para ele, o papel da indústria também é muito importante e, por vezes, acaba fazendo às vezes do governo em relação à educação da população sobre o uso do protetor solar. “O grande problema é que quando as coisas acabam vindo da indústria, podem levar o consumidor a uma dúvida: ‘será que eles não querem só ganhar?’. Temos algum benefício, que é o caso da isenção do IPI (imposto sobre produtos industrializados). Mas as autoridades poderiam ir além, com muito mais”, ele pondera.