“Poderia ter sido ainda pior”, diz João Carlos Basilio, presidente-executivo da ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), em relação a 2020. Com um crescimento previsto de cerca de 6% no ano passado, a indústria de beleza precisou se reinventar para enfrentar os desafios – e também as oportunidades – que surgiram com a chegada da Covid-19 no Brasil.
Crescimento nominal relevante
“Estamos confiantes de que o setor tenha fechado o ano com um crescimento nominal relevante, consideradas as complexidades que se apresentaram em 2020”, aponta Basilio (os números totais do ano ainda não foram fechados). “Diante da pandemia, foi primordial para o nosso setor ter sido considerado essencial para o país, inclusive pelo governo federal. As nossas fábricas não pararam. Com isso, foi possível manter o abastecimento da população e os empregos, além do mercado aquecido”.
Além da explosão de vendas dos artigos da chamada “cesta Covid”, como o álcool em gel e o sabonete líquido, outras categorias tiveram um crescimento expressivo em 2020, como cuidados com a pele do corpo. “Os números mostram que pelo fato de o brasileiro estar mais tempo em casa, aumentou a busca por produtos para a realização de pequenos rituais de ‘spa em casa’”, afirma o executivo.
De janeiro a outubro de 2020, o segmento de cuidados com a pele do corpo teve alta de 17,1% (vendas ex-factory), quando comparado com o mesmo período de 2019. O destaque ficou para os esfoliantes, que cresceram 159,9%. “Este dado demonstra a forte tendência de ritualização do momento do banho, utilizado como um intervalo de relaxamento e desconexão com o stress do dia a dia”, explica.
Basilio informa que o mesmo aconteceu em relação à pele do rosto. A categoria registrou um aumento de 30,9% entre janeiro e outubro de 2020. As máscaras de tratamento foram o item mais procurado, com alta de 102,6%. “As máscaras de tratamento para o rosto já tinham caído no gosto dos brasileiros antes mesmo da pandemia e, com o maior tempo dentro de casa, esse interesse só aumentou”.
Para alcançar esses bons resultados, o presidente-executivo da ABIHPEC fala que a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos precisou se adaptar e ressalta a importância que o e-commerce ganhou. “Segundo pesquisa da Go2Mob de novembro de 2020, 35% dos brasileiros começaram a comprar pela internet ou aumentaram o volume de compras online depois da pandemia e esse é um movimento que permanecerá”.
As datas comemorativas também tiveram papel importante no ano. “O Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, a última sexta de novembro (Black Friday) e o Natal certamente impulsionaram as vendas do setor de HPPC em 2020, especialmente no segmento de perfumaria. As plataformas digitais de interação com o consumidor foram extremamente estratégicas para transformar em realidade as expectativas de performance positiva para essas datas promocionais”, diz Basilio.
Expectativas pós-Covid-19
Para ele, ainda é cedo para falar das expectativas pós-Covid-19, já que estamos em um momento muito crítico de enfrentamento da pandemia. “O cenário hoje ainda é turbulento, mas temos sempre otimismo ao olhar para 2021, afinal, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas ao longo de 2020, vimos uma curva de recuperação da economia em ‘V’ se materializar”.
Ele segue. “As indefinições acerca da possibilidade de o governo retomar iniciativas de fomento à renda e apoio às empresas (principalmente pequenas e médias), somadas às incertezas sobre a evolução das reformas estruturantes de que o país tanto precisa, nos fazem manter a cautela. De toda forma, acreditamos que a vacinação vai ser o motor para alavancar a saída de nosso país da pandemia e com isso, as perspectivas são de um cenário econômico melhor para nosso setor em 2021”, ele finaliza.