Um estudo realizado pela Fundação Ellen MacArthur e divulgado há cerca de cinco anos fez um alerta: até 2050 poderemos ter mais plástico do que peixes nos oceanos. Segundo o documento, em 2014 havia uma tonelada de plástico para cada cinco de peixes no mar. A estimativa é de que em 2025 a proporção seja de uma para três e que ultrapasse a marca de uma para uma em 2050.
Plástico reciclado
O dado alarmante levou a Natura a se mobilizar e propor uma reflexão sobre o impacto da poluição das águas com o lançamento da fragrância Kaiak Oceano. Para desenvolver a embalagem do novo produto, a empresa utilizou plástico reciclado que foi retirado do litoral brasileiro por cooperativas de coletores.
“Com Kaiak Oceano, nós buscamos ampliar a conscientização e incentivar o consumo consciente, mostrando que é possível fomentar a cadeia de reciclagem, ajudando a evitar que o lixo chegue ao oceano e também evitando a produção de mais resíduos”, afirma Fernanda Rol, diretora de marketing Brasil da Natura.
A executiva explica que 8% do plástico reciclado empregado nos chamados “ombros” da embalagem vem do material coletado das praias. Apesar de ser uma pequena porcentagem, ela chama a atenção. “Caso não fosse coletado, em pouco tempo, esse lixo poluiria os oceanos. Nós estimamos que, em um ano, a produção de Kaiak Oceano utilize seis toneladas de plástico reciclado nas embalagens da fragrância”, revela.
Outra iniciativa da Natura em prol da sua causa “mais beleza menos lixo” se deu em parceria com a marca de cerveja Heineken® e o Rock in Rio. Uma grande ação de reciclagem transformou 10 toneladas de copos plásticos, usados na edição 2019 do festival de música, em tampas para desodorantes corporais da linha Natura Humor. “O lixo não é um fim, mas um novo começo. Com esse projeto, conseguimos produzir 670 mil unidades de tampas, o que evitou a emissão de 15 toneladas de CO2 no meio ambiente”, diz Rol.
Emissões de carbono capturadas e recicladas
O dióxido de carbono (CO2) é um dos principais fatores do aquecimento global. Mas agora também é matéria prima para embalagem de cosméticos. Em parceria com a startup de biotecnologia LanzaTech e a empresa de energia ampla Total S.A., a L’Oréal lançou a primeira garrafa plástica sustentável do mundo feita a partir de emissões de carbono industrial capturadas e recicladas.
“Não podemos mais continuar fazendo negócios como antes, chegamos nos limites planetários”, declara Maya Colombani, diretora de sustentabilidade da L’Oréal Brasil. Ela explica que a metodologia pioneira se dá em três etapas. Primeiro, a LanzaTech captura as emissões do carbono industrial, que é convertido em etanol por meio de um processo biológico exclusivo. Em seguida, a Total S.A. converte esse etanol em etileno, por meio de um processo inovador de desidratação, que é então polimerizado em polietileno (plástico de características similares ao produzido a partir do petróleo). Por fim, a L’Oréal adota esse material na produção das novas embalagens.
“Através dessa inovação, buscamos provar que é possível construir caminhos para novas oportunidades de captura e reutilização das emissões industriais de carbono, atuando contra as mudanças climáticas”, afirma a diretora de sustentabilidade. Segundo ela, o processo estará disponível para outras empresas que queiram se juntar à iniciativa para reduzir o impacto ambiental de suas embalagens.
A expectativa da L’Oréal é acelerar a produção em uma escala industrial, para que este material sustentável seja usado nos frascos de xampu e condicionador da marca até 2024. “Mas queremos ir além, a nossa meta é ter, até 2030, 100% de embalagem com plástico reciclado ou de fonte renovável”, finaliza Colombani.