O isolamento social e as medidas de higiene adotadas no combate à Covid-19 levaram muitas pessoas a “aposentarem” seus sapatos dentro de casa, passando a andar descalços. Mas este hábito pode ser prejudicial à saúde dos pés, de acordo com a dermatologista Paola Pomerantzeff. “Descalços o dia todo, os pés sofrem com o atrito do contato direto com o chão, absorvendo todo impacto do caminhar, e a pele, exposta à poeira e impurezas, perde sua umidade natural. O resultado é o ressecamento dos pés, o que os torna grossos e ásperos”, explica a médica. “Mas isso pode ser tratado com hidratação diária”.
As mãos também vêm sofrendo muito durante a pandemia. As lavagens frequentes com água e sabonete, o uso constante de álcool em gel e produtos de limpeza para a casa deixam as mãos ressecadas. Fissuras e descamação na superfície da pele também surgem em casos mais graves. “É claro que não podemos, de jeito nenhum, parar de higienizar as mãos neste momento, mas podemos acrescentar hidratante logo após”, aconselha Pomerantzeff.
Junto com o coronavírus, veio a necessidade crescente da hidratação. Cleber Barros, pesquisar e desenvolvedor de cosméticos, tem acompanhado esse movimento. “Logo no começo da pandemia, percebi que houve um aumento de público na busca por cursos que pudessem ensinar a elaboração de produtos que hidratassem”, afirma Barros. “Muitos fabricantes de cosméticos e donos de pequenas e médias indústrias e farmácias de manipulação também me ligaram. Isso ocorreu por conta de uma demanda da ponta da cadeia”.
Moniky Altheman, coordenadora técnica da Flér Dermocosméticos, confirma: “a procura por hidratantes cresceu”. Cosmetóloga, além de hidratação constante nas mãos e uma vez ao dia nos pés, ela indica o uso semanal de esfoliante nessas duas regiões. “O esfoliante promove o processo de renovação celular, deixando a pele macia e sedosa, pronta para receber o hidratante”, explica.
Integrante do mesmo grupo empresarial – Bioclean –, a Raavi Dermocosméticos também notou um interesse maior pela categoria. “Por promoverem uma hidratação intensa e prevenir quadros severos de ressecamento da pele, os cremes hidratantes com ureia 3% já eram sucesso em nosso portfólio. Mas percebemos que, com a quarentena e uma higienização mais frequente, a busca por esse produto aumentou”, diz a biomédica Luana Batista, coordenadora técnica da marca.
Apesar do mercado brasileiro já ter boas soluções em hidratação para pés e mãos, Barros acredita que ainda há espaço para crescer e se destacar na categoria. “Os hidratantes são velhos conhecidos dos consumidores, mas sempre há possibilidades de inovar”, diz o especialista.
Segundo ele, o Brasil tem um mercado muito rico de ingredientes para a criação de cosméticos, que podem proporcionar resultados bastante diversos. “Temos que aproveitar o potencial desse arsenal de ingredientes e desenvolver produtos que chamem a atenção do consumidor”, declara Barros, que é consultor da feira de ingredientes cosméticos in-cosmetic Latin America.
“Existe uma série de opções que podem ser utilizadas para deixar um produto mais interessante. Um exemplo é a aromaterapia”, cita. “A ideia é fazer com que o produto deixe de ser apenas um hidratante. As pessoas não compram um cosmético só pela eficácia. Elas também compram pelo cheiro, pela história e pela embalagem”, finaliza Barros.