A poluição plástica é um dos principais problemas ambientais do planeta. Segundo previsão divulgada no Fórum Mundial de Davos de 2016, até o ano 2050 podemos ter mais plástico do que peixes nos oceanos. Diminuir o uso de plásticos é um dos principais desafios da indústria de cosméticos na atualidade e as embalagens refil são umas das principais alternativas para isso.
Há quase 40 anos, a Natura se tornou a primeira marca de beleza no Brasil a adotar os refis para seus produtos. Hoje, são mais de 300 itens com essa opção em cerca de 50% das marcas da empresa. “A ideia hoje é expandir cada vez mais a oferta de refis. Por isso, ao lançarmos produtos, já procuramos oferecer essa versão”, afirma o diretor de sustentabilidade Keyvan Macedo.
Muitas empresas seguiram o exemplo da Natura. Desde 2012, a Granado Phebo vem inserindo produtos em refil em seu portfólio. “Começamos pelos sabonetes líquidos, que são a categoria com maior volume de venda e, portanto, de maior impacto na redução de plástico”, diz Debora Xavier, gerente de desenvolvimento de produto da companhia.
Segundo ela, os sabonetes em refil representam uma redução de 82% de plástico, comparando à embalagem original. “Somente em 2020 tivemos uma economia de aproximadamente 164 toneladas de plástico, considerando o volume de todos os refis das marcas Granado e Phebo”, ela aponta. “Nosso plano é expandir os refis para outras categorias e temos estudos em andamento para isso”, acrescenta.
Para Macedo, usar refil é um processo que requer uma mudança de comportamento na hora de consumir. “É o mesmo que levou o consumidor a abandonar as sacolas e os copos plásticos”, diz. De acordo com a empresa, os refis levam a uma economia anual equivalente ao lixo produzido por 4,4 milhões de pessoas em um dia.
“A sociedade está com um olhar cada vez mais sustentável e o refil é uma ótima solução para minimizar o impacto que o plástico causa à natureza. Uma embalagem refil reduz o consumo de plástico em até 85% em relação à fabricação de embalagens rígidas, gerando menos lixo descartado também", afirma Helena Binz, gerente de marketing da Sulprint Embalagens.
Além de criar uma imagem positiva perante ao consumidor, ela diz que a empresa de cosméticos que adota os refis tem muitas outras vantagens. “O custo de produção é menor, pois há economia de energia, de transporte e logística. Para cada 25 caminhões que carregam rígidos, é preciso apenas um para as embalagens flexíveis, por exemplo”.
Se no passado já houve preconceito dos consumidores com este tipo de embalagem, mais simples e baratas, o cenário agora é diferente. “Embalagem mais barata, nem sempre quer dizer com menor qualidade. No caso do refil, ela só está apresentada de uma maneira mais justa ao consumidor, já que o seu custo é menor”, explica Binz. “Sem contar que se você compra um hidratante corporal com uma linda embalagem em formato de frasco e tampa flip top, quando o seu produto acaba, você ainda pode continuar usando a mesma embalagem, adquirindo apenas o seu refil”, acrescenta.
A gerente da Granado Phebo diz que a demanda por refis é maior a cada dia. “A aceitação é excelente. Além de percebermos isso no volume de vendas, nossos clientes estão sempre interagindo nas redes sociais e pontos de vendas pedindo mais produtos refis”, comenta Xavier. “Não só pelo custo-benefício, mas também pela crescente preocupação com a sustentabilidade. Hoje os consumidores se preocupam bastante com o impacto dos produtos que consomem e estão mais exigentes quanto a isso”, finaliza.